A deflagração de 14 operações em mais de um ano de Lava Jato – que levou à prisão de empresários, diretores e políticos – não serviu para inibir a continuidade do esquema formado entre empreiteiras e o poder público. A avaliação é do procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima.
A diferença, segundo ele, é que o modelo teria sido replicado em outras estatais além da Petrobras, com destaque para o setor elétrico. As investigações apontam para suspeita de corrupção nas obras da usina Angra 3, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, que atualmente está em construção. Além de Angra 3, também haveria indícios de irregularidades em outras estatais, segundo os investigadores. Os nomes não foram revelados.
“Basicamente repete-se o esquema de cartel, fraude em licitação e corrupção”, explica o procurador. Para Lima, “a Lava Jato não inibiu o comportamento, tanto que depois da deflagração o comportamento se repetiu, só que fora da Petrobras”. Segundo ele, há movimentações até 2014.
A Odebrechet e a Andrade Gutierrez, que foram alvo de ação da Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (19), também participariam da corrupção na usina, segundo Lima. Além das duas, também atuam na construção da usina outras cinco grandes empreiteiras, sendo que quatro são investigadas na Lava Jato.
O contrato de Angra 3 foi assinado pelos consórcios em setembro de 2014, seis meses depois do início da Lava Jato.
A partir de agora, a Polícia Federal (PF) deve iniciar novos inquéritos para investigar os indícios em profundidade. Um deles deverá ser focado apenas em Angra 3.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa de Angra 3, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
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