A autodenominada ala mais à esquerda do Partido dos Trabalhadores no Paraná realizou um ato público na noite de ontem, nas dependências do Hotel Del Rey, para demonstrar a união de forças contra o atual comando petista. O evento reuniu dezenas de militantes e parlamentares descontentes, para o lançamento do documento batizado de "PT: Política de Cara Limpa". Durante a tarde, três dos seis candidato à Presidência do diretório estadual do PT concederam entrevista coletiva à imprensa, para declarar que buscam um objetivo comum: destronar os atuais comandantes da sigla no estado.
O deputado federal Florisvaldo Fier, Dr. Rosinha, o deputado estadual Tadeu Veneri e o ex-prefeito de Maringá João Ivo Caleffi, apesar de adversários na disputa pela presidência do partido, afirmam que estão unidos para derrubar o Campo Majoritário, corrente que coordena o PT no Paraná há dez anos. A frente tem ainda o apoio declarado de mais um candidato, Alfeo Luiz Cappellari, conhecido como Professor Cafu. O vereador de Cascavel, Aderbal de Holleben Mello, que também disputa a presidência, é o único que não participa da frente oposicionista.
O alvo das críticas é principalmente o deputado estadual André Vargas, que tenta a reeleição para a presidência da Executiva no Paraná. Para os concorrentes, o atual presidente foi fiel à linha do Campo Majoritário e abandonou os princípios do partido. Dentro de uma lógica de expansão a qualquer custo, principalmente com o fim de ampliar a participação eleitoral, a legenda teria crescido sem qualidade. Pessoas sem qualquer histórico de luta trabalhista e/ou identificação com a ideologia petista teriam sido arregimentadas apenas para fazer número. "Tem muitas formas de medir um partido, como levar em conta o número de diretórios ou a qualidade dos companheiros", alega Dr. Rosinha.
A crítica à política de alianças da gestão Vargas, buscando coligações com partidos de ideologias muito distintas à petista ou mesmo aceitando a posição subserviente diante de propostas antagônicas à lógica de esquerda, marcou os discursos. A deputada federal Clair da Flora Martins reforçou a frente oposicionista ao Campo Majoritário. "É o momento de colocar em prática as propostas que formaram os 25 anos de história do partido", aponta. A fala combina com o discurso dos candidatos à presidência, que defendem o resgate dos princípios históricos do PT.
O compromisso é de que os adversários se apóiem num eventual segundo turno contra Vargas. Para vencer no primeiro turno, é necessário ter 50% dos votos válidos mais um. Apesar da vontade de derrubar o Campo Majoritário, a ala mais à esquerda não entrou em acordo para compor uma chapa única de oposição. Para justificar a opção, os candidatos alegam que repudiam algumas atitudes do comando atual, mas têm estratégias e opiniões diferentes sobre a forma de dirigir o partido.
As eleições estão marcadas para o dia 18 de setembro (próximo domingo), quando também são feitas as escolhas nos diretórios municipais e nacional. No Paraná, a expectativa dos candidatos é de que 20 mil militantes compareçam às urnas. O partido tem mais de 50 mil filiados aptos a votar no estado. Mais de 100 dos 391diretórios municipais ainda precisam regularizar as pendências de contribuições partidárias para garantir direito a voto. O mandato para a Executiva Estadual é de três anos.
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