Hugo Chávez falou em socialismo ou morte. O governador Requião diz que seu governo é de esquerda. Com a chegada ao poder de Evo Morales, na Bolívia; Rafael Correa, no Equador, e Daniel Ortega, na Nicarágua, andou-se falando em uma "esquerdização" na América Latina. Tudo isso trouxe à tona uma discussão que dá pano para manga. Afinal, esquerda e direita ainda existem? Ou são palavras sem sentido na política atual?
Quando se tem uma dúvida desse tipo, o melhor, ao invés de usar achismos, é ver o que os bons especialistas têm a dizer. No caso da ciência política, dificilmente há nome maior nos últimos tempos do que o do italiano Norberto Bobbio. Há pouco mais de dez anos, ele publicou um livro para falar exatamente disso. Era a época pós-Muro de Berlim e andavam dizendo que não havia mais esquerda nem direita.
Bobbio diz que há, sim. E põe uma marca bem clara para separar uma da outra. A esquerda, diz ele, é a ideologia da igualdade. A direita, a da liberdade. Abstração demais? Um simples exemplo prático, bem brasileiro, pode dar conta do recado. É o exemplo da divisão de terras. Grosso modo, o que querem os ruralistas e os grandes fazendeiros? Liberdade para amealhar mais terras tantas quantas conseguirem e para nelas fazer as coisas a seu modo. E os sem-terra, o que querem? Igualdade na distribuição: lotes pequenos, mas para todos.
A distinção ficou bem clara em uma reportagem de ontem desta Gazeta do Povo. O texto, de André Gonçalves, falava sobre a possível vinda de Válter Bianchini para o governo Requião. Bianchini é um dos grandes defensores da agricultura familiar. Acha que seu papel é dar força para os pequenos.
A mesma matéria mostrava que os grandes produtores rurais não gostam da postura de Bianchini, que atualmente é secretário nacional de Agricultura Familiar. Um representante dos produtores de Cascavel disse que na atual gestão federal, quem produz mais fica a ver navios. Fica fácil perceber nesse quadro quem está à direita e quem está à esquerda, certo?
O que se quer aqui não é dizer que fulano é de esquerda e sicrano, de direita. Nem é defender um ou outro ponto de vista. O importante é saber que a diferenciação existe. Esquecer-se dela talvez seja cair no velho erro de que os políticos são todos iguais. Graças a Deus, isso não é verdade.
Radar
Convocação Começa hoje a série de sessões extraordinárias da Assembléia Legislativa. Duas coisas são importantes. Uma é ver o que havia assim de tão urgente que não pudesse esperar a posse dos novos deputados, dentro de duas semanas. A outra é ver quantos de nossos 54 parlamentares interromperão suas férias para votar as propostas. Para derrubar um veto do governador, por exemplo, são necessários pelo menos 28 votos.
Posse Faltam poucos dias para a posse do Congresso Nacional e da Assembléia Legislativa. E ainda não se sabe na totalidade quem serão os deputados paranaenses a assumir suas cadeiras. Roberto Requião deve dar secretarias a alguns deles, para liberar as vagas a suplentes que ajudaram em sua eleição. Sem a definição do governador, porém, o eleitor fica em espera para saber quem serão seus representantes no Legislativo.
Diário 1 Consultar o Diário da Assembléia Legislativa do Paraná parece fácil. Quem abre o site da Casa, em www.alep.pr. gov.br, logo encontra um link para o jornal, que publica todas as decisões dos deputados, contratações e exonercações de funcionários incluídas. O problema é que quando se clica em "Última edição" tudo o que aparece é uma mensagem em inglês dizendo que a página está indisponível.
Diário 2 Se ao invés de clicar em "Última edição" o internauta resolve fazer uma pesquisa, o cenário não muda muito. Mesmo que se digite uma palavra simples, como o nome do presidente da Assembléia, o resultado da pesquisa parece ser sempre o mesmo: nenhum. No caso em questão, para ser exato, a resposta vem assim: Nenhum documento foi encontrado satisfazendo à consulta pelas chaves "hermas".
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O que foi dito:"Em toda minha vida, nunca gostei de ser rotulado de esquerda."Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente do Brasil.
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