Governo diz não haver discriminação
O secretário da Casa Civil, Rafael Iatauro, afirmou que não há determinação do governador Roberto Requião (PMDB) para discriminar os prefeitos que apoiaram a candidatura do senador Osmar Dias (PDT). Já a assessoria de imprensa da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedu) informou que os critérios utilizados são técnicos.
Segundo a Sedu, os pedidos de financiamento de Paranaguá estão em fase final de análise. A assessoria disse também que desconhece se há novos pedidos de prefeituras para participarem do programa Paraná Urbano tramitando na Sedu de Cascavel.
Em relação a Paranavaí, segundo a assessoria da Sedu, há notícia somente de dois projetos para construção de escolas, que estão sendo realizados. A prefeitura teria desistido dos outros pedidos de financiamento que estavam tramitando na Secretaria. O prefeito de Paranavaí, contudo, nega a desistência. (RD)
Os prefeitos de Paranavaí, Foz do Iguaçu e Paranaguá, que apoiaram o senador Osmar Dias (PDT) nas eleições para a sucessão estadual em 2006, informaram estar tendo dificuldades para conseguir empréstimos do governo do Paraná. As três prefeituras foram citadas por Osmar na segunda-feira passada, quando uma frente suprapartidária se reuniu para defender a volta dos repasses do governo do estado para a prefeitura de Curitiba. Na ocasião, o senador disse que cinco cidades estão com problemas para receber financiamentos.
O prefeito de Paranavaí, Maurício Yamakawa (PDT), afirmou que, diferentemente do que ocorre com municípios que ficaram na oposição no período eleitoral, há notícias de que outras cidades estão conseguindo realizar empréstimos normalmente com o governo do estado. Segundo ele, Paranavaí está tendo dificuldades no trâmite de dois projetos de pavimentação de ruas, parados na regional da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano (Sedu), em Maringá. Os pedidos de empréstimos somam R$ 5,1 milhões. Um dos projetos, no total de R$ 3 milhões, segundo Yamakawa, aguarda desde novembro do ano passado para ser encaminhado à Sedu, em Curitiba. O outro, no valor de R$ 2,1 milhões, também precisa ser remetido à capital.
"A documentação está toda na Sedu. Eles estão dizendo que precisam de autorização do governador para encaminhar os projetos para a Secretaria, em Curitiba. Há boatos de que aliados do governador não querem permitir que o governo libere esses recursos para a cidade. Eu não quero acreditar que isso esteja acontecendo", declarou Yamakawa, que, antes das eleições, tinha boas relações com o Requião. "Depois do período eleitoral não tivemos mais contato", contou o prefeito, lembrando que apoiou Osmar na região. Requião venceu as eleições em Paranavaí, com 62,2% dos votos válidos, enquanto que Osmar obteve 37,7%.
Em Foz do Iguaçu, o prefeito Paulo Macdonald Ghisi (PDT) disse que também está com dificuldades para conseguir o financiamento pelo programa Paraná Urbano, da Sedu, para realizar um projeto de recuperação do asfalto do centro da cidade. Segundo Ghisi, a documentação está parada na regional da Sedu, em Cascavel, desde setembro de 2006. De acordo com o prefeito, pelo projeto a cidade contrairia um empréstimo de R$ 6 milhões, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), via Paraná Urbano.
"Conversei com o governador, há dois meses. Ele me disse para falar com o secretário Forte Neto. Tive uma reunião com o secretário há um mês e meio, mas até agora não houve mudanças." Nas eleições do ano passado, o senador Osmar Dias (PDT) obteve em Foz 54,5% dos votos válidos no primeiro turno, contra 26,5% de Requião. E no segundo turno, Requião (34,3%) perdeu novamente para Osmar (65,7%).
O prefeito de Paranaguá, José Baka Filho (PDT), também reclama da demora para que seja homologada a licitação da compra de equipamentos do Mercado Municipal, no valor de R$ 800 mil. Desse valor, como contrapartida serão liberados R$ 400 mil do estado, a fundo perdido. Segundo Baka, os documentos da licitação estão na Sedu desde fevereiro e até agora não houve o repasse dos recursos. "Em março, falei pessoalmente com Forte Neto, mas ele disse que não tinha autorização do governador."
Baka reclama de haver dificuldades em outros pedidos de empréstimo, como no caso do procedimento para a compra de equipamentos do teatro, no valor de R$ 800 mil, dos quais metade é repasse do estado. Segundo o prefeito, uma licitação chegou a ser realizada, mas a proposta demorou tanto para ser aprovada que perdeu o prazo. "Agora, a prefeitura aguarda uma nova autorização para realizar o procedimento licitatório."
Baka entende que a única justificativa possível para a demora é que está ocorrendo uma perseguição política, por ter apoiado Osmar nas eleições. Na disputa à sucessão estadual, o senador obteve no primeiro turno 49% dos votos da população de Paranaguá, contra 31,3% de Requião. No segundo turno, a diferença aumentou, com Osmar tendo 57,4% dos votos válidos em Paranaguá, enquanto que o governador ficou com 42,6%. "Lamento que o governo misture as coisas."