A Lei Maria da Penha, criada para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, não obriga o poder público a atender as vítimas de agressões, tampouco os agressores. A lei prevê que União, estados e municípios podem criar e promover centros de atendimento e apoio para vítimas e agressores. No Paraná, tanto o estado quanto a prefeitura de Curitiba disponibilizam centros de atendimentos a mulheres e crianças vítimas de agressões, mas não há qualquer local que promova a educação e reabilitação do agressor.
"Infelizmente, não existe hoje política pública para atender as demandas do nosso juizado tanto do governo municipal quanto do estadual. Não existe uma continuidade aos processos que tramitam aqui no juizado", explica a juíza Luciane Bortoleto, titular da Vara da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Ela explica que uma das condições para que o agressor responda o processo em liberdade provisória é a participação dele no processo de reeducação.
A ineficiência do poder público para reabilitar o agressor forçou a equipe de psicólogos e assistentes sociais a improvisar. "E o resultado foi excelente", concordam Luciane Bortoleto e a psicóloga Ivana Maria de Mello Possiede, que atende as vítimas e agressores que passam pelo juizado. "Em 2011, foram 40 agressores atendidos. Nem 1% dos agressores que passam por aqui. Dos que concluíram o processo, nenhum reincidiu no crime", comemora Ivana.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Justiça informou que de fato não há qualquer centro de reeducação e reabilitação para agressores no estado do Paraná. A assessoria informou ainda que a secretaria estuda a criação desses centros, mas que ainda é um projeto embrionário. "Há uma intenção da secretaria [em criar os centros] por reconhecer a necessidade e exigência legal e real". No estado, afirma a assessoria, há o Centro de Referência e Atendimento a Mulher em situação de violência doméstica, que fica no centro de Curitiba, e funciona desde 2006.
Curitiba
A assessoria da prefeitura de Curitiba também admitiu que a cidade não conta com centros que reabilitem o agressor. O que há, segundo a assessoria, são os centros que atendem as vítimas. Uma fonte da administração municipal disse que já houve estudos para implementar um centro voltado para os agressores, mas que a intenção não prosperou porque esbarrou na viabilidade de estrutura e de pessoal.
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