A previsão de gastos com divulgação e propaganda para 2007 comprova o discurso do governador Roberto Requião (PMDB) sobre o futuro do relacionamento do estado com a "grande mídia". De acordo com o secretário estadual do Planejamento, Nestor Bueno, serão destinados apenas R$ 3,8 milhões a essa área. O valor é 74% menor do que os R$ 14,8 milhões previstos no orçamento do ano passado. Neste valor não estão incluídos gastos com propaganda da administração indireta, como Copel, Sanepar e Porto de Paranaguá.
"Era algo que já estava previsto", explica. Embora não seja uma decisão recente, é uma mostra do "choque de democracia na imprensa" prometido pelo governador no dia da posse, segunda-feira passada. Ele prometeu não investir dinheiro público na divulgação de obras do governo em grandes veículos de comunicação.
Apesar disso, não citou exatamente quais veículos se enquadram dentro de sua visão de mídia apropriada para abrigar a publicidade estatal. Condenou as "seis redes privadas que controlam 667 veículos emissoras de tevê, de rádio e jornais diários atingindo 87% dos domicílios, em 98% dos municípios brasileiros", que teriam em mãos uma espécie de monopólio nacional da informação.
A decisão, de acordo com o discurso de posse, está diretamente ligada ao resultado das eleições do ano passado, vencidas por Requião no segundo turno com uma diferença de 10 mil votos sobre Osmar Dias (PDT). "A militância dos jornalões a favor de uma candidatura só não detectou quem não quis. Caso de má-fé cínica ou de ignorância córnea?", dizia o texto.
Bueno explicou que os R$ 3,8 milhões serão repassados à Secretaria de Comunicação, que gerencia a aplicação do recurso. Isso não engloba, entretanto, os gastos com pessoal da pasta. O secretário Aírton Pisseti confirmou que o orçamento para este ano será enxuto, quase abaixo do suficiente "apenas para pagar os gastos com editais".
Por outro lado, o relator do orçamento estadual na Assembléia Legislativa, deputado Marcos Isfer (PPS), destacou que o gasto previsto para propaganda deixa de fora o gasto de empresas estatais. "A Copel e Sanepar têm orçamentos próprios para isso. Mas não sabemos quanto é porque isso não chega discriminado para a Assembléia", afirma.
A queda nos números reverte uma tendência de crescimento nas despesas com propaganda do governo. De acordo com relatório do Tribunal de Contas, Requião gastou no setor R$ 11,243 milhões em 2003, R$ 49,118 milhões em 2004 e R$ 89,945 milhões em 2005. Esse último valor superou o gasto de R$ 83,601 milhões do governo Jaime Lerner em 2002.
Numa comparação com as aplicações do governo federal em propaganda durante 2005, Requião supera Lula no gasto por habitante. Nesse ano, o petista gastou R$ 331 milhões para cerca de 190 milhões de brasileiros. Ou seja, R$ 1,74 por habitante. Já o peemedebista, gastou cerca de R$ 9 por paranaense atingido pela comunicação estatal.
Deixe sua opinião