Depois de um grande embate, a Câmara dos Deputados aprovou ontem o Estatuto da Juventude. O texto, que segue para análise do Senado, considera como jovens todas as pessoas com idade entre 15 e 29 anos. Um dos pontos do estatuto prevê a meia-entrada para todos os jovens estudantes nessa faixa etária, em eventos de natureza artístico-cultural, de entretenimento e lazer, em todo o território nacional, inclusive para jogos de futebol. Hoje, leis que regem a meia-entrada são estaduais e não federais.
A possibilidade gerou polêmica por poder entrar em atrito com a Fifa sobre a entrada nos jogos da Copa do Mundo de 2014. Relatora do projeto, a deputada Manuela DAvila (PCdoB-RS) disse que o texto não é apenas para os dois meses dos jogos e sim para todos os brasileiros. "Para a Copa, especificamente, vai ter uma Lei Geral da Copa, aqui estamos tratando de uma coisa mais ampla", disse a deputada.
O jovem terá o direito também de pagar 50% do valor dos transportes intermunicipais e interestaduais, "independentemente da finalidade da viagem", de acordo com a legislação dos estados e municípios.
"Esse é um direito dos estudantes de terem transporte. Criaremos subsídios estaduais e municipais para isso", afirmou Manuela.
Outro ponto que gerou polêmica foi o que trata da propaganda de bebidas alcoólicas. O texto aprovado proibiu esse tipo de propaganda para bebidas com qualquer teor alcoólico em políticas de atenção à saúde do jovem. Após pressão da bancada ligada ao setor, a relatora chegou a trocar o "proibir" por "restringir", mas teve que recuar. O entendimento final foi para deixar claro que a proibição valeria apenas para jovens menores de 18 anos.
Já a polêmica com a bancada evangélica aconteceu por causa de dispositivos de textos que tratam da inclusão de temas relacionados à sexualidade nos conteúdos escolares. Após acordo, a relatora aceitou incluir a necessidade de que o tema seja tratado "desde que respeitado a diversidade de valores e crenças". Diz ainda que o direito à igualdade compreende a "inclusão de temas sobre questões raciais, de gênero (...)".
O deputado Jean Wyllys (PSol-RJ) comemorou. "Isso é muito importante pois contempla a sexualidade nas escolas. Além disso, o texto contemplou o direito da diversidade cultural. Um passo essencial para os jovens da comunidade LGBT", afirmou.
O estatuto também institui o Sistema Nacional de Juventude, cuja composição, organização, competência e funcionamento serão definidos em regulamento. A oposição questionou a criação de cargos para o Conselho da Juventude, mas houve acordo para que uma lei tratasse desses gastos. Caberá aos conselhos colaborar com órgãos da administração no planejamento e na implementação das políticas para os jovens, entre outros.
Diretrizes
O projeto, em sua maioria, cria diretrizes para temas relacionados aos jovens. Muitas leis terão de ser criadas para regulamentar esses temas. Mesmo assim, Severine Macedo, secretária nacional de Juventude da Presidência da República, falou que o texto é um grande avanço.
"Para nós, gestores, é fundamental para o assunto avançar. O estatuto cria condições e dá amparo para fazermos com que as políticas da juventude aconteçam", afirmou.
O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliesco, disse que, com a aprovação do texto no Senado, será possível abrir um "novo patamar de políticas públicas para o país". "Hoje são mais de 50 milhões de jovens no país que podem ser beneficiados", afirmou Iliesco.
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), lembrou que a proposta estava parada na Casa havia sete anos.
Interatividade
Qual a sua opinião sobre os benefícios contidos na proposta que cria o Estatuto da Juventude?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor
Governo pressiona STF a mudar Marco Civil da Internet e big techs temem retrocessos na liberdade de expressão
Clã Bolsonaro conta com retaliações de Argentina e EUA para enfraquecer Moraes
Yamandú Orsi, de centro-esquerda, é o novo presidente do Uruguai
Por que Trump não pode se candidatar novamente à presidência – e Lula pode