Atualizado em 30/03/2006 às 21h17
José Roberto Leal, advogado do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, telefonou nesta quinta-feira para o delegado Rodrigo Gomes, encarregado do inquérito que apura a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, pedindo que seja remarcado o depoimento de Palocci, inicialmente marcado para a tarde desta sexta-feira.
O advogado disse que Palocci está estressado e não teria condições de comparecer à PF nesta sexta-feira. Segundo a PF, o depoimento será remarcado para quarta ou quinta-feira da semana que vem. O advogado se comprometeu a enviar ao delegado um atestado médico para justificar o adiamento.
Na segunda-feira, o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso confessou ter entregue ao ex-ministro o extrato bancário do caseiro. A PF quer saber de quem partiu a ordem para a quebra de sigilo de Francenildo e como as informações chegaram à imprensa.
Há duas semanas, Francenildo acusou o então ministro de freqüentar a casa supostamente alugada por Vladimir Poleto no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, para organização de tráfico de influências no governo. Poleto trabalhou na prefeitura de Ribeirão Preto durante a gestão de Palocci.
Em nota à imprensa e em depoimento na CPI dos Bingos, em janeiro, o ex-ministro negou ter freqüentado a residência do Lago Sul. Na carta em que pediu demissão, Palocci também refutou qualquer participação "nem de mando, nem operacional, no que se refere à quebra do sigilo bancário de quem quer que seja".
Quando os policiais chegaram à casa de Palocci, nesta quarta-feira, para entregar a intimação, uma equipe de um laboratório médico estava colhendo sangue do ex-ministro para exames.
Segundo o delegado Rodrigo Gomes, o depoimento pode ajudar a identificar os responsáveis pelo vazamento do extrato para a imprensa.
- O depoimento de Palocci vai ser decisivo para esclarecer o caso da quebra ilegal do sigilo do caseiro - disse o delegado.
No depoimento de Mattoso, ao qual o jornal "O Globo" teve acesso, ele admitiu que enquanto jantava num restaurante em Brasília, na noite de 16 de março, recebeu uma ligação de Palocci. Na conversa, avisou ao ministro que "estava informando ao Coaf e ao Bacen" (Banco Central) sobre a "movimentação atípica" na conta do caseiro. Mattoso tinha acabado de receber de seu assessor a cópia do extrato da conta. Leia aqui a reportagem .
Além do inquérito na PF, Palocci também terá de responder a outros processos. Desprotegido pelo foro privilegiado que só permite ao Supremo Tribunal Federal (STF) investigar e processar ministros de Estado, Palocci será convocado a depor pela Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo, podendo ser indiciado no inquérito que investiga o superfaturamento dos contratos de limpeza urbana em sua segunda gestão na prefeitura de Ribeirão Preto, em 2001 e 2002.
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