Paranaenses dizem que suas contas eleitorais estão em ordem
Nenhum parlamentar paranaense citado no levantamento da Transparência admitiu qualquer pendência na prestação de contas. O deputado federal André Vargas (PT) disse que quem fez o levantamento "não sabe fazer conta". Segundo ele, o patrimônio declarado à Justiça Eleitoral é parcial porque elenca apenas bens, e não renda. Para ele, seria necessário uma consulta ao Imposto de Renda para se fazer uma análise profunda. "Vou descobrir quem é o responsável por esse levantamento da Transparência Brasil e vou processá-lo. Eles não podem fazer esse tipo de ilação."
Levantamento divulgado ontem pela organização não-governamental Transparência Brasil mostra que 85 parlamentares de todo o país que se candidataram nas eleições do ano passado apresentam inconsistências na declaração de bens que fizeram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esses políticos doaram para suas próprias campanhas mais do que o valor que possuem de patrimônio. Outros 114 doaram para suas campanhas mais da metade do que dizem possuir de bens.
A pesquisa da ONG foi feita cruzando os dados das declarações de bens que os candidatos obrigatoriamente têm de fazer à Justiça Eleitoral com a prestação de contas de campanha. Foram analisados os dados de 782 parlamentares de todo o país que concorreram no ano passado. A lista da Transparência Brasil tem quatro políticos paranaenses que declararam não ter bens, mas, ainda assim, fizeram doações a si mesmos. Há ainda outros três paranaenses que doaram a si mesmos mais do que 50% do valor de seus patrimônios declarados à Justiça Eleitoral (veja tabela).
Quem lidera o ranking da inconsistência patrimonial, segundo a Transparência Brasil, é o vereador Generval Martiniano M. Leite (PMN), o "Astro de Ogum", da Câmara de São Luís, no Maranhão. Ele doou R$ 20 mil a sua campanha, mas disse à Justiça Eleitoral ter apenas R$ 1,3 mil em bens. Ou seja, ele empenhou na campanha recursos 15 vezes maiores ao que declarou ter. Na sequência vêm o vereador de São Paulo Marcelo Aguiar (PSC), que doou 4,4 vezes o seu patrimônio declarado e o deputado estadual de Pernambuco Barreto (PMN), que doou três vezes o seu patrimônio.
A Transparência Brasil, em texto assinado pelo diretor-executivo da ONG, Cláudio Weber Abramo, acusa os 85 candidatos que doaram mais do que o próprio patrimônio de terem mentido para a Justiça Eleitoral. "Pelo menos no caso dos 85 candidatos que doaram mais recursos do que declararam possuir, é certo que mentiram para a Justiça Eleitoral. Isso porque ou têm patrimônio maior do que declararam, ou o dinheiro que disseram ter doado não era realmente deles", diz o texto.
Ainda segundo o estudo, no ranking por estados, o Maranhão aparece na frente. Lá, os parlamentares doaram em média 80,2% de seu patrimônio declarado. Em seguida, aparecem Rondônia (38,6%) e Pernambuco (31,7%). O Paraná ficou na 13º posição, com 25% do patrimônio declarado sendo empenhado em doação eleitoral.
Em relação aos partidos, os dados mostram que o PT tem nove parlamentares que fizeram doações superiores a suas declarações de bens, sendo um deputado estadual por Pernambuco e oito vereadores de capitais. O PMDB tem seis vereadores de capitais e dois deputados estaduais um do Ceará e outro do Pará. No PSDB, são dois deputados estaduais (um do Rio de Janeiro e outro no Rio Grande do Sul) e quatro vereadores de capitais. O DEM tem quatro vereadores de capitais nesta situação.
Os quatro parlamentares do Paraná que constam na lista como não tendo patrimônio nulo, mas que mesmo assim fizeram doações próprias para a campanha, foram a deputada estadual Rosane Ferreira (PV) e os vereadores Dirceu Moreira (PSL), Jonny Stica (PT) e Julio Cesar Sobota (PSC), todos de Curitiba.
Dentre os que doaram a suas campanhas um valor acima de 50% de seus bens, todos são filiados ao PT: o deputado federal André Vargas (ex-candidato à prefeitura de Londrina, que doou 89,8% de seu patrimônio), o deputado estadual Elton Welter (62%) e a vereadora Professora Josete (93,8%), de Curitiba.
Generosidade
O levantamento da ONG não abrangeu apenas políticos que foram candidatos em 2008, mas também os parlamentares que, embora não tenham disputado o pleito, fizeram doações eleitorais para outras pessoas. Dos 1.531 parlamentares em exercício que fizeram doações, 749 (quase metade) não foram candidatos, tendo financiado outros políticos. Quem encabeça a lista dos dez mais generosos, segundo a ONG, é o deputado federal paranaense Alfredo Kaefer (PSDB), que declarou doações de R$ 323,4 mil.
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