Brasil-França
Colômbia pode questionar o acordo
Agência Estado
Brasília - O acordo entre o Brasil e a França para a compra de aviões militares que também inclui a aquisição de submarinos e helicópteros poderá ser questionado pelos vizinhos na próxima reunião do Conselho de Defesa da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que ocorrerá no dia 15, em Quito, no Equador.
Embora tenha mantido um tom cordial, o ministro colombiano das Relações Exteriores, Jaime Bermúdez, declarou ontem que seu país pretende ver discutidos todos os acordos de defesa entre países da América do Sul e nações de outras regiões.
A cobrança dos colombianos sobre o acordo militar do Brasil com a França ocorre logo após o governo brasileiro questionar a Colômbia pelo tratado que o país vizinho firmou com os Estados Unidos e que permitirá a presença de militares norte-americanos em sete bases colombianas por dez anos.
Brasília - O governo dos Estados Unidos iniciou ontem uma contraofensiva para tentar demover o Brasil de fechar a compra de 36 caças franceses para reequipar a Aeronáutica negócio que havia sido anunciado na segunda-feira pelo próprio presidente Lula e que está avaliado em R$ 10 bilhões. Os americanos asseguraram, em nota oficial da embaixada dos EUA, que estão dispostos a transferir tecnologia ao Brasil para que os brasileiros comprem os jatos americanos. A transferência de tecnologia dos caças foi um dos pontos ofertados pela França que pesou na decisão brasileira.
Na nota, a embaixada dos EUA diz esperar que o governo brasileiro não tenha tomado uma decisão final sobre a compra das aeronaves, mesmo depois do anúncio oficial. "Entendemos que uma decisão final ainda não foi tomada em relação ao vencedor do contrato. O F/A-18 Super Hornet (avião americano) é um caça de avançada tecnologia testado em combate e acreditamos que é o melhor em comparação com seus concorrentes", diz a nota dos EUA.
A embaixada afirma ainda que o Congresso dos EUA concluiu no dia 5 de setembro as discussões sobre a transferência de tecnologia dos caça ao país dando aval para que o Brasil tenha acesso às informações tecnológicas do jato. "O governo aprovou também a montagem final do Super Hornet no Brasil", diz a nota.
Ironia presidencial
Apesar disso, Lula ironizou ontem a oferta dos EUA: "Daqui a pouco, vou receber de graça (os aviões)". Ele não quis, porém, fazer outros comentários sobre a proposta.
Já o assessor presidencial para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, defendeu a "decisão política" do governo brasileiro de estabelecer uma parceria preferencial com a França. Apesar disso, ele afirmou, que ainda não há nenhuma restrição a quaisquer tipos de aviões de outros países e que o Brasil pode negociar também com outros que façam propostas "tão atraentes ou mais atraentes" que as dos franceses, com transferência de tecnologia.
"Pode haver processo de negociação com os três (países que estão na concorrência para ofertar os caças: França, Estados Unidos e Suécia). No momento em que os EUA ou os fabricantes do Gripen (caça sueco) fizerem uma proposta como aquela feita pelos franceses, nós vamos considerar", disse. Em relação à nota divulgada pelo governo dos EUA avisando que o Congresso daquele país havia aprovado a transferência de tecnologia para o Brasil, o assessor de Lula reagiu: "É! Se houver transferência de tecnologia..."
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