Autoridades americanas ligadas ao Departamento de Justiça (DOJ) tornaram públicas nesta quarta-feira (21) um documento que revela que o grupo Odebrecht financiou projetos em pelo menos 12 países em troca de propinas. De acordo com o documento, tanto a construtora Odebrecht quanto a Braskem, braço petroquímico da empresa, pagaram mais de R$ 2,6 bilhões em propina, em troca de pelo menos 100 projetos que renderam ao grupo Odebrecht R$ 12 bilhões de lucro.
O documento mostra que os políticos e servidores públicos brasileiros foram os que mais receberam propina da construtora Odebrecht e da Braskem - foram pelo menos R$ 1,9 bilhão no câmbio atual.
Nos documentos não são citados nomes de funcionários envolvidos no esquema de corrupção nem de políticos que se beneficiaram do recebimento de propina. As pessoas são identificadas apenas com breves descrições.
Agência O Globo
Nos acordos com a Justiça americana, a Odebrecht e a Braskem assumiram ter pago R$ 1,9 bilhão, na cotação atual, em propinas a autoridades brasileiras. Sem revelar os nomes dos destinatários desses valores ilegais, os documentos citam pelo menos dois ex-ministros brasileiros, três membros do Legislativo e dois altos integrantes do Executivo.
As autoridades brasileiras receberam cerca de 75% de tudo o que a Odebrecht afirmou ter pago em 12 países da América Latina e da Ásia. Ao todo, a companhia pagou R$ 2,6 bilhões, na cotação atual, segundo documentos do Departamento da Justiça dos Estados Unidos.
O texto do acordo com a Braskem, por exemplo, cita duas situações em que ex-ministros foram acionados pela companhia para a defesa de seus interesses. Em 2010, a empresa pagou US$ 50 milhões (R$ 166 milhões) para a campanha de uma autoridade de alto nível executivo do Brasil e US$ 14 milhões (R$ 46 milhões) para um ex-ministro em troca da aprovação de uma lei que reduzia o pagamento de impostos pela companhia.
Em 2008, a empresa pagou propina a um ex-ministro para conseguir alteração na taxação de uso de matérias-primas. No mesmo ano, a Braskem pagou US$ 12 milhões (R$ 40 milhões) a um ex-executivo da Petrobras e um congressista para conseguir um contrato com a Petrobras para fornecimento de nafta.