Pastor Pedro Ribeiro, durante fórum em Curitiba: estratégia para barrar propostas pró-gays é readequá-las aos “princípios” religiosos por meio de emendas| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Contra-ataque

Ex-BBB enfrenta ameaças por valorizar homossexuais

Primeiro gay assumido a levantar a bandeira do movimento LGBT no Congresso, o deputado federal Jean Wyllys (PSol-RJ) tem enfrentado a resistência de uma espécie de bancada informal antigay e, inclusive, recebido ameaças de morte pela internet. Apesar disso, o parlamentar disse que nada o fará desistir de sua luta pela valorização dos homossexuais.

"Essas pessoas mentem e tentam jogar com a ignorância da população para confundi-la. Apesar de a Constituição prever igualdade de direitos a todos, o casamento civil é negado a uma parcela da população. Apenas lutamos pelos mesmos direitos aos homossexuais", afirmou. "Com a criminalização da homofobia, queremos impedir que a dignidade dos homossexuais seja violada publicamente. Não se trata de cercear a liberdade religiosa ou de expressão, até porque a liberdade de um vai até quando os direitos do outros passam a ser violados." (ELG)

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Jean Wyllys: ameaças de morte pela internet
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Em seu segundo congresso itinerante pelas principais capitais do país, o Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Po­­lítica (Fenasp) passou no último fim de semana por Curitiba e reforçou o posicionamento contrário a temas como o casamento homossexual e a criminalização da homofobia. Se­­gundo os representantes do movimento, que conta com a participação de parlamentares da Frente Evangélica no Con­gresso, é preciso defender a vi­­da e os valores da família. Para isso, eles pretendem usar todos os mecanismos possíveis na Câmara e no Senado a fim de se sobrepor à Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Tran­­sexuais e Transgêneros), que será lançada amanhã.

Considerado o terceiro grupo mais influente no Congresso – atrás apenas dos parlamentares ligados à saúde e dos ruralistas –, a Frente Evangélica passou a atuar de maneira com ainda mais força nesta legislatura com a posse do deputado Jean Wyllys (PSol-RJ), que de­­fende a bandeira do movimento gay. Amanhã, no lançamento da Frente LGBT, o parlamentar vai protocolar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que estende o direito do casamento civil aos homossexuais.

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"Isso é antibíblico e fere a éti­­ca e a moral. Devem-se manter os valores da família tradicional. Permitir o casamento civil homossexual seria um pas­­so para o casamento religioso", defendeu o ex-deputado Pastor Pedro Ribeiro (PR-CE), secretário-executivo da Frente Evangélica. "Cada um tem li­­berdade de fazer com o corpo o que quiser, mas a Constituição só reconhece como casal um homem e uma mulher."

O mesmo tratamento é dado pelo Fenasp em relação ao projeto que torna crime a discriminação contra homossexuais. A proposta já foi aprovada na Câmara, mas ficou parada no Senado na última legislatura e, no mês passado, foi desarquivada pela senadora Marta Suplicy (PT-SP). "A Igreja nunca fez discurso de ódio contra ninguém. Não podem querem imprimir uma legislação sobre um debate infundado de que há um preconceito criminoso da nossa parte", afirmou o pastor Wilton Acosta, presidente nacional do fórum. "Não se trata de preconceito, mas de defender a valorização da família."

Ribeiro reforçou o discurso de Acosta e disse que, aprovar a proposta, significaria dar mais direitos aos homossexuais além dos que eles já têm como qualquer cidadão. "Apesar de laico, o Estado reconhece a ma­­nifestação religiosa. Além disso, todos têm direito à livre ma­­nifestação de pensamento e é o que estamos fazendo", argumentou o ex-parlamentar.

Outro tema que os evangélicos criticam abertamente envolve a legalização do aborto, que é tratada em cerca de 20 projetos em tramitação no Con­­gresso. Em um vídeo apresentado no fórum, o texto falava que o Brasil não pode passar pela "vergonha e maldição de ser um país a favor do aborto".

As estratégias do Fenasp e da Frente Evangélica para barrar todas essas propostas é readequá-las aos seus "princípios" por meio de emendas ou, então, derrotar as matérias no plenário da Câmara e do Senado. "Tam­­bém temos deputados nas comissões de Direitos Huma­nos, da Família e de Constitui­ção e Justiça atentos a matérias nesse sentido", revelou Ribeiro. Para direcionar a atuação dos parlamentares no Congresso, o fórum fará uma carta dos debates realizados em todo o país.

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