Servidores públicos apresentaram pedido de impeachment de Yeda Crusius| Foto: Palácio Piratini

Porto Alegre - O empresário Lair Ferst, ex-aliado da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), entregou ontem à Justiça um CD com oitos gravações de diálogos que manteve com o ex-representante do governo gaúcho em Brasília, Marcelo Cavalcante, morto em fevereiro deste ano.

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Segundo o advogado de Ferst, Lúcio de Constantino, as conversas mostram seu cliente – que trabalhou na arrecadação da campanha da governadora em 2006 – alertando o interlocutor sobre as supostas fraudes de R$ 40 milhões no Detran gaúcho, investigadas pela Operação Rodin. A ação foi deflagrada pela Polícia Federal em 2007 e já indiciou 44 pessoas.

As gravações foram entregues à juíza federal Simone Barbisan Fortes, que é responsável pelo julgamento da ação criminal sobre as fraudes no Detran, resultante da operação da PF e da qual Ferst é um dos 40 réus. A juíza também analisa a ação civil pública de improbidade administrativa proposta na quarta-feira pelo Ministério Público Federal contra Yeda e outras oito pessoas.

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A defesa de Ferst quer que as gravações sejam anexadas como prova à ação criminal. O objetivo, segundo o advogado, é demonstrar que Ferst já havia tomado atitudes concretas para alertar as autoridades sobre as fraudes. "Tal providência não se coaduna com a de alguém que tenha praticado crime", disse o advogado.

Constantino definiu os documentos como "provas defensivas". Os áudios somam, no total, cerca de uma hora. O advogado não citou quando as gravações foram feitas nem quais autoridades do governo são citadas nas conversas. Constantino justificou o envio das gravações à Justiça Federal em razão do futuro depoimento da governadora no processo criminal. Yeda Crusius foi arrolada como testemunha pelo ex-presidente do Detran-RS Flávio Vaz Netto. A governadora, por meio de seu porta-voz, disse que não pretende comentar o assunto.

Acesso

A juíza Simone Barbisan autorizou o acesso dos deputados estaduais do Rio Grande do Sul a todo o conteúdo da ação civil de im­­probidade administrativa movida contra a governadora. Os deputados, no entanto, devem manter sigilo sobre as informações.

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Ivar Pavan (PT), usará o material para formar convicção sobre a admissibilidade do pedido de impeachment da governadora feito pelo Fórum dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (FSPE). Se ele entender que sim, encaminhará o requerimento para análise da Comissão de Constituição e Justiça.

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