Os promotores de Ribeirão Preto estão ouvindo nesta quinta-feira, no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Ribeirão Preto, o advogado Rogério Buratti, ex-assessor do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, quando ele era prefeito da cidade.
Buratti teve a prisão temporária decretada pela Justiça de Ribeirão Preto na quarta-feira. O Ministério Público suspeita que Rogério Buratti trocou três fazendas no interior de São Paulo por duas empresas de ônibus, também no interior paulista, no valor de R$ 2,6 milhões para esconder um esquema de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A prisão de cinco dias foi decretada por tentativa de destruição de provas.
Ele é acusado ainda de fraudes em licitações e contratos fraudulentos nos setores de coleta de lixo no tempo em que era assessor da prefeitura petista administrada por Palocci nas gestões de 93 a 97 e de 2000 a 2002.
- Uma empresa de ônibus é muito mais fácil de lavar dinheiro do que uma fazenda. Nós fiscalizarmos isso é muito mais dificultoso. Nós acreditamos que a razão seja essa: lavar dinheiro - explica o promotor Aroldo Costa Filho.
Os promotores dizem que têm gravações telefônicas autorizadas pela Justiça. Numa delas, Rogério Buratti teria dado ordens ao corretor de imóveis, de quem era cliente, para destruir documentos: contratos de vendas das fazendas e compra das empresas de ônibus que, de acordo com o Ministério Público, serviriam de provas dos crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Buratti depôs durante toda a tarde de quarta-feira na delegacia seccional de Ribeirão Preto sobre superfaturamento de obras e fraude em licitações para a coleta de lixo em Ribeirão e em outras nove cidades do interior de São Paulo, além de municípios do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. O Ministério Público tem escutas telefônicas feitas no ano passado com autorização da Justiça que comprovariam a participação de Buratti e de quatro ex-diretores do grupo Leão Leão em fraudes em licitações.
Buratti também é investigado pela CPI dos Bingos por tentar extorquir R$ 6 milhões da empresa Gtech para garantir a renovação de um contrato de R$ 650 milhões da firma com a Caixa Econômica Federal. A acusação foi feita pelo diretor da Gtech Marcelo Rovai em depoimento na CPI. Dados do sigilo telefônico do advogado mostram que ele ligou nove vezes para um consultor da presidência da Caixa no dia da concretização do negócio, 8 de abril de 2003.
O advogado é acusado de ter ligações com Waldomiro Diniz, ex-chefe da assessoria parlamentar da Casa Civil. No ano passado, Diniz foi acusado de participar de um esquema de desvio de verba publicitária da Loterj, que ele presidiu de junho de 2001 a abril de 2002, e de apoiar donos de bingos.
Análise dos dados do sigilo telefônico de Buratti revelam que o advogado mantinha contato freqüente com o atual ministro da Fazenda, após ele ter dito na CPI que tinha apenas "encontros ocasionais" com o petista desde 1994, quando deixou o cargo no município. Segundo o relatório enviado à CPI dos Bingos, o telefone da casa de Palocci está entre os cinco mais discados por Buratti.
Palocci negou publicamente contatos com advogado. Buratti admitiu, por sua vez, que em pelo menos duas vezes pediu a ajuda Palocci para a empresa da qual foi vice-presidente, o Grupo Leão Leão. Ele nega, no entanto, que os dois tenham falado sobre a Gtech.
No rol das ligações de Buratti figuram os telefones da cafetina Jeane Mary Córner, citada no depoimento de Ricardo Machado - sócio de Marcos Valério - como organizadora de algumas festas com prostitutas para o publicitário mineiro.
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