O advogado Rogério Buratti, que em 1993 e 1994 foi secretário de governo na gestão de Antônio Palocci (PT) na prefeitura de Ribeirão Preto (SP), está preso. Buratti chegou por volta das 13h30 para depor na delegacia de polícia de Ribeirão Preto sobre superfaturamento de contratos para a limpeza de lixo na cidade e fraude em licitações, quando recebeu a voz de prisão.
O mandado de prisão temporária foi assinado pelo juiz Luiz Augusto Freire Teotônio, de Ribeirão Preto, a pedido dos cinco promotores públicos da cidade que tomam o depoimento do ex-secretário na delegacia de polícia da cidade. A ordem de prisão foi expedida com base em documentos obtidos pelos promotores.
Buratti também é investigado pela CPI dos Bingos por tentar extorquir R$ 6 milhões da empresa Gtech para garantir a renovação de um contrato de R$ 650 milhões da firma com a Caixa Econômica Federal. A acusação foi feita pelo diretor da Gtech Marcelo Rovai em depoimento na CPI. Dados do seu sigilo telefônico do advogado, mostram que ele ligou nove vezes para um consultor da presidência da Caixa no dia da concretização do negócio, 8 de abril de 2003.
O advogado é acusado de ter ligações com Waldomiro Diniz, ex-chefe da assessoria parlamentar da Casa Civil. No ano passado, Diniz foi acusado de participar de um esquema de desvio de verba publicitária da Loterj, que ele presidiu de junho de 2001 a abril de 2002, e de apoiar donos de bingos.
Análise dos dados do sigilo telefônico de Buratti revelam que o advogado mantinha contato freqüente com o atual ministro da Fazenda, após ele ter dito na CPI que tinha apenas "encontros ocasionais" com o petista desde 1994, quando deixou o cargo no município. Segundo o relatório enviado à CPI dos Bingos, o telefone da casa de Palocci está entre os cinco mais discados por Buratti.
Palocci negou publicamente contatos com advogado. Buratti admitiu, por sua vez, que em pelo menos duas vezes pediu a ajuda Palocci para a empresa da qual foi vice-presidente, o Grupo Leão Leão. Ele nega, no entanto, que os dois tenham falado sobre a Gtech.
O Ministério Público possui escutas telefônicas feitas no ano passado com autorização da Justiça que comprovariam a participação de Buratti e de quatro ex-diretores do grupo Leão Leão em fraudes em licitações para a coleta de lixo em Ribeirão e em outras nove cidades do interior de São Paulo, além de municípios do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.
No rol das ligações de Buratti figuram os telefones da cafetina Jeane Mary Córner, citada no depoimento de Ricardo Machado - sócio de Marcos Valério - como organizadora de algumas festas com prostitutas para o publicitário mineiro.
- Se você quer saber, liguei sim. E se quebrar o sigilo de outras pessoas vai ver que muita gente importante ligou. Se liguei, tinha razões. Só acho que o Ministério Público deveria dizer à CPI o que realmente é importante. Isso é um constrangimento deliberado - afirmou Buratti.
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