Vladimir Poleto, ex-assessor do ministro da Fazenda Antonio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto, será ouvido na terça-feira da semana que vem, dia 8, na CPI dos Bingos. Segundo reportagem da revista "Veja", Poleto teria transportado US$ 3 milhões supostamente doados pelo governo cubano à campanha presidencial do PT em 2002

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O requerimento de convocação, de autoria do relator da comissão, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), foi aprovado no dia 30 de agosto, e a intenção inicial do relator era ouvir Poleto sobre denúncia de tráfico de influência no governo federal para beneficiar empresários, mas agora a oposição, que tem maioria na CPI, deve se concentrar na nova denúncia contra o governo.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), encaminhou nesta segunda-feira à CPI dos Bingos dez requerimentos convocando todos os citados na reportagem da revista "Veja". Entre eles está o advogado Rogério Buratti, também ex-assessor de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto, que confirmou a doação de Cuba em favor da campanha de Lula, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e até mesmo o deputado José Dirceu (PT-SP), que na época era presidente do partido.

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Virgílio apresentou ainda um convite pedindo que o diplomata cubano Sérgio Cervantes apresente sua versão sobre o episódio, já que foi identificado pela revista como um dos intermediários da doação ilegal. O único que ficou fora desta lista de convocações, pelo menos por enquanto, foi o ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

- O Palocci será convocado com o meu voto, mas só depois que essas pessoas ligadas a ele confirmarem as denúncias contra o ministro. Isso mostra a minha postura de sobriedade diante de denúncias tão graves - justificou Virgílio.

Já o vice-presidente do PFL, senador José Jorge (PE), considera inevitável a convocação de Palocci:

- Não dá mais para adiar essa convocação. O requerimento convocando Palocci já foi apresentado. O máximo de concessão que podemos fazer é aguardar o depoimento de Poleto e Buratti para depois votarmos o requerimento.

No fim de semana, o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, classificou a denúncia de "fantasia". Nesta segunda-feira, foi a vez do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), reagir à ameaça da oposição de convocar o ministro da Fazenda e até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para dar explicações. Depois de reunião no Palácio do Planalto, Chinaglia disse não acreditar na convocação de Lula e Palocci e afirmou que a proposta é uma "forçação de barra".

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A reportagem da revista "Veja" desta semana diz que o PT teria recebido dólares de Cuba para financiar a campanha presidencial de 2002. A revista não conseguiu identificar como os recursos entraram no país, mas, baseada em entrevistas com Buratti e Poleto, conclui que o dinheiro teria chegado por Brasília em duas caixas de uísque e uma de rum, sendo levado a Campinas num avião de um empresário amigo do hoje ministro da Fazenda e entregue em São Paulo ao então tesoureiro do PT Delúbio Soares.

Tanto Buratti quanto Poleto, porém, dizem que não viram em qualquer momento o dinheiro e que teriam tomado conhecimento da remessa através de Ralf Barquete, outro ex-assessor de Palocci, morto em junho de 2004.