Em um depoimento de mais de 8 horas à Polícia Federal de Londrina, a ex-assessora financeira do PT, Soraia Garcia, confirmou ontem as denúncias que fez sobre suposta existência de caixa 2 do partido durante as eleições municipais de 2004.
A ex-assessora detalhou com precisão como doações irregulares, que não aparecem na prestação de contas oficial do PT à Justiça Eleitoral, eram "esquentadas" com a ajuda dos principais secretários municipais e dirigentes petistas. Na outra ponta do esquema, ela relacionou ao delegado Sandro Viana dos Santos pelo menos 56 pessoas que constaram como trabalhadores voluntários na campanha, conforme a declaração oficial, para ocultar quase 2 mil contratações de cabos eleitorais pagos extra-oficialmente pelo esquema, a um custo de R$ 100 mensais cada. De acordo com o depoimento, os recibos das pessoas que trabalharam voluntariamente na campanha foram fabricados.
Bastante desgastada após o longo depoimento, Soraia voltou a afirmar que contou "tudo o que sabia": "São CPFs, nomes, datas locais, um detalhamento total do que já havia contado na semana passada aos promotores eleitorais", reiterou. Ela voltou a declarar que era a responsável pela confecção do caixa oficial e do caixa 2: "A lista em vermelho no computador era do caixa 2 e a em azul era do caixa oficial", repetiu. Nos computadores os dados eram apagados, segundo ela.
Conforme afirmou anteriormente, Soraia disse à PF que os CPFs dos principais secretários municipais e de laranjas eram emprestados para que "doações vindas por fora" fossem "esquentadas". Até mesmo doações que aparecem oficialmente na campanha eram, segundo ela, "doações de secretários entre aspas": "A gente depositava o dinheiro na conta da campanha, depois pegávamos o CPF e os dados e as assinaturas dos recibos. Eu mesma peguei muitas assinaturas na prefeitura", afirmou. Segundo ela, os CPFs também eram usados para efetivar compras de material de campanha, como móveis e até combustível. Dessa forma, as doações poderiam ser deduzidas do Imposto de Renda, mesmo que ilegais. "Pelo menos 16 pessoas com cargo na administração e na Executiva do partido estão envolvidas nisso", afirmou. Segundo ela, "o caixa 2 todo foi de R$ 6,5 milhões. "Consigo comprovar 80% das compras".
Soraia disse que, junto com um dos coordenadores da campanha, fabricava recibos eleitorais de voluntários que teriam atuado no esforço eleitoral.
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