Youssef "escondendo o jogo"?
O advogado de Leonardo Meirelles, Haroldo Nater, endossou que o doleiro Alberto Youssef está "escondendo o jogo" e teria muito mais dinheiro do que os R$ 50 milhões declarados que integraram o acordo de delação premiada. Porém, o advogado disse não saber quanto o doleiro tem em caixa e disse não ter provas.
Ao chegar para a audiência, o advogado de Youssef, Antônio Figueiredo Basto, disse que iria desmascarar Meirelles.
"A colaboração do meu cliente é a base de sustentação de toda a operação. Acho que quem está falando isso tem interesse em desestabilizar a operação".
Ao fim da audiência, porém, Basto estava nervoso porque fez perguntas a Meirelles e este não respondeu. Ele argumentou à imprensa que a "defesa está sendo cerceada" e que "a Justiça está protegendo Meirelles e Meire Pozza".
Basto já havia afirmado que, se necessário, vai pedir uma acareação entre o doleiro e o empresário.
A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef Meire Poza depôs por cerca de uma hora e meia na Justiça Federal de Curitiba nesta terça-feira (3). Ela foi a primeira testemunha de acusação ouvida na segunda audiência referente à ação penal contra os executivos da Engevix.
Poza afirmou que a empreiteira Engevix, acusada de participar de um "clube da propina" na Petrobras, firmou um contrato de R$ 2,13 milhões com o doleiro.
Esse valor, segundo as investigações da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na estatal, eram propinas pagas pela construtora em troca da realização de obras na empresa.
Quatro executivos da Engevix são réus sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro - um deles, o vice-presidente Gerson de Mello Almada, está preso. A contadora foi ouvida como testemunha de acusação nesta ação.
"As empreiteiras, por algum motivo, deviam algum valor para o Alberto [Youssef]. Por quê, isso eu não sei dizer para vocês. Eu realmente não sabia", declarou Meire à imprensa, após dar seu depoimento à Justiça Federal. "O que ele dizia era: 'Emita essa nota porque, esse valor, a Engevix me deve'. Mas eu nunca perguntei do que e ele nunca explicou também."
A depoente era contadora da GFD Investimentos, uma das empresas de Youssef. Segundo ela, a GFD administrava hotéis que tinham o doleiro como sócio, mas também emitia notas frias para justificar os pagamentos das empreiteiras."Não, ela não tinha prestação de serviços. A empresa fazia a administração dos hotéis, mas, de fato, os serviços descritos nas notas para as empreiteiras não foram prestados", afirmou.
O contrato da GFD com a Engevix foi firmado em janeiro de 2014. Dez notas de R$ 213 mil foram emitidas pela contadora.Segundo Meire, Youssef jamais achacou ou constrangeu as empresas a realizarem o pagamento - o que foi a tese de defesa de alguns executivos presos na Lava Jato, como Sérgio Mendes, da Mendes Júnior, e Erton Fonseca, da Galvão Engenharia.
"De forma alguma. Era muito bem conversado. A própria Engevix anuiu, concordou com o desconto", disse Meire. A contadora, porém, disse não saber nem lembrar quem eram os executivos que autorizavam o pagamento.
Outras quatro testemunhas devem depor nesta terça, entre elas, a ex-gerente da Petrobras Venina Veloso da Fonseca.
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