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Metrô de SP: inquérito para investigar cartel foi aberto em 2008 | Paulo Whitaker/Reuters
Metrô de SP: inquérito para investigar cartel foi aberto em 2008| Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Titular de vários postos de comando em estatais ao longo dos governos tucanos em São Paulo, Benedito Dantas Chiaradia disse em depoimento prestado em 14 de novembro à Polícia Federal que ouviu de pessoas da área metroferroviária relatos sobre pagamento de propina a agentes públicos, informa o jornal O Estado de S. Paulo. Chiaradia, que foi diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) entre 1999 e 2002, disse que o consultor Arthur Teixeira era apontado como intermediador das empresas do cartel. Ele viabilizava, segundo os relatos que diz ter ouvido, o pagamento de propina para o hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Robson Marinho, chefe da Casa Civil do governo Mário Covas nos anos 1990, e para servidores da CPTM e do Metrô.

Até o fim do ano passado Chiaradia tinha um cargo de direção no Departamento de Águas e Energia Elétrica, autarquia do governo paulista. Acabou exonerado no dia 20 de dezembro, pouco mais de um mês após o depoimento à Polícia Federal.

Chiaradia é a terceira testemunha a citar propina do cartel no inquérito e a primeira de dentro do próprio governo a tratar do assunto. A Polícia Federal tem em mãos um depoimento do ex-diretor da empresa alemã Siemens Everton Rheinheimer no qual ele cita propina para diretores de estatais de trens e para políticos – três deles ocupam hoje o secretariado do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

A outra testemunha que citou aos policiais federais a propina – mas num contexto de que apenas suspeitava dela – foi o executivo da Siemens Mark Gough, que atua na empresa na Alemanha. O inquérito do cartel, aberto em 2008, está no Supremo Tribunal Federal, pois os secretários de Alckmin são deputados licenciados e têm foro privilegiado.

Assinatura

Chiaradia atuou na CPTM como diretor administrativo e financeiro na mesma época em que João Roberto Zaniboni, Oliver Hossepian e Ademir Venâncio ocupavam cargos de chefia na estatal. Os três foram indiciados no inquérito pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, crime financeiro e formação de quadrilha. Chiaradia, porém, não foi indiciado porque a Polícia Federal não encontrou problemas em suas movimentações financeiras ao quebrar seus sigilos.

Provas

O vice-presidente de Assuntos Jurídicos da Siemens, Fabio Selhorst, afirmou que a empresa pagou uma viagem do principal delator do cartel, o ex-diretor Everton Rheinheimer, à sede da empresa, na Alemanha, para ele "produzir provas do que está falando". A informação foi divulgada em entrevista à revista América Economia.

Outro lado

O criminalista Luiz Fernando Pacheco, que defende João Roberto Zaniboni e Ademir Venâncio, rebateu as declarações de Chiaradia. "São meras especulações sem qualquer indício de veracidade." O criminalista Eduardo Pizarro Carnelós, que defende Arthur Teixeira, reagiu taxativamente. "Isso é de uma leviandade inaceitável." O criminalista Marcelo Martins de Olvieira, defensor de Oliver Hossepian, é categórico: "Hossepian jamais recebeu propinas e sua vida modesta é a maior prova de idoneidade". A assessoria de Robson Marinho foi contatada, mas ele não foi localizado.

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