Titular de vários postos de comando em estatais ao longo dos governos tucanos em São Paulo, Benedito Dantas Chiaradia disse em depoimento prestado em 14 de novembro à Polícia Federal que ouviu de pessoas da área metroferroviária relatos sobre pagamento de propina a agentes públicos, informa o jornal O Estado de S. Paulo. Chiaradia, que foi diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) entre 1999 e 2002, disse que o consultor Arthur Teixeira era apontado como intermediador das empresas do cartel. Ele viabilizava, segundo os relatos que diz ter ouvido, o pagamento de propina para o hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Robson Marinho, chefe da Casa Civil do governo Mário Covas nos anos 1990, e para servidores da CPTM e do Metrô.
Até o fim do ano passado Chiaradia tinha um cargo de direção no Departamento de Águas e Energia Elétrica, autarquia do governo paulista. Acabou exonerado no dia 20 de dezembro, pouco mais de um mês após o depoimento à Polícia Federal.
Chiaradia é a terceira testemunha a citar propina do cartel no inquérito e a primeira de dentro do próprio governo a tratar do assunto. A Polícia Federal tem em mãos um depoimento do ex-diretor da empresa alemã Siemens Everton Rheinheimer no qual ele cita propina para diretores de estatais de trens e para políticos três deles ocupam hoje o secretariado do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
A outra testemunha que citou aos policiais federais a propina mas num contexto de que apenas suspeitava dela foi o executivo da Siemens Mark Gough, que atua na empresa na Alemanha. O inquérito do cartel, aberto em 2008, está no Supremo Tribunal Federal, pois os secretários de Alckmin são deputados licenciados e têm foro privilegiado.
Assinatura
Chiaradia atuou na CPTM como diretor administrativo e financeiro na mesma época em que João Roberto Zaniboni, Oliver Hossepian e Ademir Venâncio ocupavam cargos de chefia na estatal. Os três foram indiciados no inquérito pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, crime financeiro e formação de quadrilha. Chiaradia, porém, não foi indiciado porque a Polícia Federal não encontrou problemas em suas movimentações financeiras ao quebrar seus sigilos.
Provas
O vice-presidente de Assuntos Jurídicos da Siemens, Fabio Selhorst, afirmou que a empresa pagou uma viagem do principal delator do cartel, o ex-diretor Everton Rheinheimer, à sede da empresa, na Alemanha, para ele "produzir provas do que está falando". A informação foi divulgada em entrevista à revista América Economia.
Outro lado
O criminalista Luiz Fernando Pacheco, que defende João Roberto Zaniboni e Ademir Venâncio, rebateu as declarações de Chiaradia. "São meras especulações sem qualquer indício de veracidade." O criminalista Eduardo Pizarro Carnelós, que defende Arthur Teixeira, reagiu taxativamente. "Isso é de uma leviandade inaceitável." O criminalista Marcelo Martins de Olvieira, defensor de Oliver Hossepian, é categórico: "Hossepian jamais recebeu propinas e sua vida modesta é a maior prova de idoneidade". A assessoria de Robson Marinho foi contatada, mas ele não foi localizado.
Governistas querem agora regular as bets após ignorar riscos na ânsia de arrecadar
Como surgiram as “novas” preocupações com as bets no Brasil; ouça o podcast
X bloqueado deixa cristãos sem alternativa contra viés woke nas redes
Cobrança de multa por uso do X pode incluir bloqueio de conta bancária e penhora de bens