Um ex-executivo da multinacional alemã Siemens relatou na terça-feira ao Ministério Público de São Paulo detalhes do funcionamento do cartel formado em licitações do sistema de trens metropolitanos do estado. Segundo seu depoimento, revelado pelo Jornal Nacional, da TV Globo, o então diretor de operações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), João Roberto Zaniboni, sabia do acordo entre as empresas que disputavam concorrências para o fornecimento e manutenção de composições.
As fraudes nas licitações ocorreram entre 1998 e 2008, durante as gestões Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, do PSDB, no governo estadual. O ex-funcionário dirigiu a área de assuntos ferroviários da Siemens de 2001 a 2007, e foi quem deu origem às investigações.
Ele disse à Promotoria que representantes das empresas se reuniram na sede da multinacional francesa Alstom para discutir o edital para a manutenção de trens das séries S2100 e S3000 da CPTM quando a concorrência já estava em vigor. "A Siemens apresentou uma proposta para a série S2000 para posteriormente vencer o projeto S3000", disse. Semanas antes da apresentação da proposta, a testemunha foi chamada por Zaniboni à sede da CPTM e ouviu dele a garantia de que a Siemens venceria o projeto S3000. Uma terceira reunião, na sede da consultoria de Arthur Teixeira, investigado na Suíça por lavagem de dinheiro, teria definido o resultado.
Outro lado
Zaniboni negou as acusações. Teixeira não respondeu aos contatos. Alstom, Siemens e a CPTM disseram colaborar com as investigações. A empresa francesa negou ainda que tenha havido combinação de preços. O PSDB afirmou esperar apuração do caso e punição dos culpados.
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