Avião da PF com Costa decola do Afonso Pena rumo ao Rio: delação permitiu a prisão domiciliar| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa deixou ontem a carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba e foi levado, de avião, para o Rio de Janeiro, onde cumprirá prisão domiciliar. Ele está usando uma tornezeleira eletrônica para monitorar seus passos. Sua casa também será vigiada por policiais .

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A mudança de regime prisional foi autorizada pela Justiça Federal na terça-feira, após Costa ter assinado um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) para contar o que sabe sobre o esquema de desvio de recursos da Petrobras e lavagem de R$ 10 bilhões que está sendo investigado pela Operação Lava Jato, da PF. O acordo foi homologado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), também na terça.

Já usando a tornozeleira, Costa deixou pela manhã a sede da PF em Curitiba, no bairro Santa Cândida, em uma Pajero descaracterizada, escoltada por agentes da PF em outros carros. O ex-diretor então foi levado ao Aeroporto Afonso Pena, de onde um avião da PF partiu em direção ao Rio de Janeiro, cidade em que Costa mora. A aeronave pousou por volta das 16 horas na Base Aérea do Galeão. Dali, o ex-diretor seguiu em um comboio de seis carros para sua casa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

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A delação

Costa decidiu fazer a delação premiada para diminuir sua pena e por temer que suas filhas também pudessem ser envolvidas no esquema e presas pela PF. A previsão era de que Costa pegaria até 40 anos de prisão pelos crimes que cometeu. Com a delação, deve ficar um ano em prisão domiciliar e cumprir mais dois em regime semiaberto, quando o preso pode trabalhar durante o dia e só tem de dormir na cadeia.

O acordo foi assinado no dia 27 de agosto pelos seis procuradores responsáveis pela força-tarefa do MPF que investiga os crimes da Lava Jato. O documento também é assinado por Costa e pela advogada dele, Beatriz Catta Preta. Esse é o segundo acordo de delação premiada do caso Lava Jato homologado pela Justiça. Na última quarta-feira, o juiz federal Sergio Moro, do Paraná, ratificou a colaboração do réu Luccas Pace Junior, acusado de lavagem de dinheiro.

Para ter acesso aos benefícios da delação, Paulo Roberto Costa teve de identificar participantes da organização criminosa investigada pela Operação Lava Jato, outros crimes por eles cometidos e revelar a estrutura hierárquica e a divisão de tarefas da quadrilha. Além disso, Costa teve de renunciar aos valores mantidos em contas bancárias no exterior, que somam US$ 25,8 milhões. Ele também terá que devolver bens adquiridos com dinheiro ilícito e pagar uma multa de R$ 5 milhões. Ao todo, ele terá de abrir mão, em favor dos cofres públicos, de R$ 74 milhões.