Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e investigado por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro, afirmou que a estatal fez uma "conta de padeiro" ao não estimar direito os custos e não ter um projeto para a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A declaração foi a primeira dada por Costa após ser preso na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, e passar 59 dias na carceragem da PF em Curitiba. A entrevista foi publicada ontem, no jornal Folha de S.Paulo.
Deflagrada em março, a Operação Lava-Jato apura um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. O ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef são acusados de comandar esse esquema que teria ramificações em partidos como PT, PMDB e PP e construtoras.
O ex-diretor disse ainda que a Petrobras errou ao divulgar que o custo da refinaria seria de US$ 2,5 bilhões, porque não tinha um projeto para isso. As contas foram feitas com base no custo de produção de uma refinaria no México, segundo ele. O custo total deve ficar em US$ 18,5 bilhões, ou cerca de R$ 41 bilhões. Costa, que comandava o orçamento da obra, se defende e diz que não houve superfaturamento.
Sobre seu relacionamento com o doleiro Alberto Youssef, outro preso na operação Lava-Jato, afirmou que foi contratado, quando já havia deixado a Petrobras, para prestar uma consultoria no valor de R$ 300 mil, mas negou envolvimento em operações de lavagem de dinheiro ou de remessa de recursos ao exterior. Costa disse ainda não saber se são propina ou não os depósitos feitos por fornecedores da refinaria em contas das empresas de Youssef.
Questionado sobre a presidente Dilma Rousseff, disse que seu relacionamento com ela sempre foi técnico e amistoso. Acrescentou ainda que a presidente e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sempre visitavam a refinaria para saber do andamento das obras.
Lava-Jato
Paulo Roberto Costa foi solto em maio por uma decisão do ministro Teori Albino Zavascki, que suspendeu as ações da Justiça do Paraná por considerar que o juiz Sérgio Moro extrapolou suas funções ao seguir com as investigações mesmo após surgirem indícios de envolvimento de deputados. Na semana passada, a defesa do doleiro Alberto Yousseff também ingressou no Supremo Tribunal Federal com um pedido de anulação das provas da operação.
Também na semana passada, o procurador-geral, Rodrigo Janot, enviou ao STF um parecer defendendo que as ações da Justiça do Paraná na operação são válidas.
No texto, Janot afirma ainda que "não há qualquer indício do envolvimento de parlamentares nos crimes que já foram objeto das ações penais propostas".
Até agora, foram citados nas investigações os deputados federais André Vargas (ex PT-PR), Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Luiz Argôlo (SDD-BA). Houve ainda informações de depósitos do doleiro Alberto Yousseff, um dos acusados de comandar o esquema e preso na operação, que somam R$50 mil na conta do senador Fernando Collor (PTB-AL). Com o parecer do Ministério Público, Zavascki vai decidir se as investigações da Lava Jato seguirão no STF ou na Justiça do Paraná. Não há prazo para que ele decida. A expectativa é de que apenas a parte referente aos congressistas fique no Supremo.
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