Ex-presidente da estatal põe em xeque argumento de Dilma
Presidente da Petrobras de 2005 a 2012, período da polêmica compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, Sérgio Gabrielli colocou em xeque a afirmação da Presidência de que Dilma Rousseff foi induzida ao erro ao autorizar a aquisição em 2006, quando era presidente do Conselho de Administração da estatal. Ele afirmou ontem que as cláusulas que obrigaram a estatal brasileira a ficar com toda a planta são "normais em negociações de grandes empresas". O negócio causou um prejuízo de R$ 1 bilhão à Petrobras. "Quando você compra uma participação em uma empresa, é normal que você preveja a possibilidade de venda dela", disse ele.
Gabrielli, porém, não quis revelar se as cláusulas foram debatidas pelo conselho. "As discussões internas são privadas e eu me reservo o direito de preservar a confidencialidade delas", disse o ex-presidente da estatal. Diretores da Petrobras afirmaram reservadamente que, como presidente do conselho, Dilma teria como saber de todas as cláusulas do contrato.
Intenso
Em audiência na Câmara dos Deputados em maio do ano passado, a atual presidente da Petrobras, Graça Foster, foi questionada sobre as discussões que antecederam a decisão do Conselho de Administração para comprar a refinaria americana. Ela disse que as discussões do conselho sempre são muito "intensas" e chegam a durar "semanas". Na ocasião, o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), líder do PSDB na Câmara, teve de insistir três vezes para que ela respondesse "se houve alguma manifestação de membro do Conselho de Administração, seja criticando ou desaprovando essa negociação". Graça Foster respondeu: "Eu participei, talvez nos últimos 15 anos, eventualmente, de algumas reuniões do conselho como assistente, dando apoio ao meu chefe que lá estava, em algumas situações, e a discussão do conselho é intensa. Nós temos ali o controlador, os minoritários e a Petrobras, que quer crescer. Há uma discussão muito forte. É sempre intenso. A preparação para uma reunião do Conselho de Administração é algo que toma semanas de discussão. Treinamos bastante para irmos ao Conselho", respondeu.
Agência Estado
Detido também elaborou laudo
O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso ontem, participou juntamente com o ex-diretor internacional da estatal Nestor Cerveró da elaboração do "resumo técnico" que, segundo a presidente Dilma Rousseff, embasou a decisão do Conselho de Administração da estatal de comprar a refinaria de Pasadena. Quem assinou o documento, porém, foi Cerveró que hoje é diretor-financeiro da BR Distribuidora, braço de distribuição de combustíveis da Petrobras. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou ontem que, se havia conhecimento da presidente Dilma Rousseff sobre irregularidades técnicas de Cerveró, ele deveria ter sido "afastado da vida pública".
Apenas um dia depois da revelação de que a presidente Dilma Rousseff autorizou um negócio que causou prejuízo de US$ 1 bilhão para a Petrobras, o governo federal viu o caso de má gestão na petrolífera ser relacionado ao escândalo de lavagem de R$ 10 bilhões revelado nesta semana pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava-Jato. A PF prendeu ontem no Rio de Janeiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras e ex-integrante do conselho de administração da refinaria de Pasadena. Costa, que começou a carreira no Paraná, é acusado de tentar destruir provas e documentos que supostamente o incriminariam no esquema de lavagem de recursos.
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A polícia informou que Costa foi preso porque estaria destruindo provas da suposta ligação dele com o paranaense Alberto Youssef, um dos quatro doleiros investigados no esquema de lavagem de dinheiro. Os documentos seriam da consultoria aberta por ele cinco meses depois de deixar a Petrobras, em 2012, a Costa Global Consultoria & Brasilinvest Oil, Gas and Biofuels com sede no Rio.
Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, o ex-diretor da Petrobras também é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) por irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela estatal brasileira.
A Petrobras comprou 50% das ações da refinaria em 2006. Pagou US$ 190 milhões. A aquisição foi autorizada por Dilma Rousseff quando era ministra da Casa Civil de Lula e ocupava a presidência do Conselho de Administração da estatal. Cláusulas desfavoráveis à Petrobras no contrato de aquisição, porém, obrigaram a empresa brasileira a comprar os outros 50% da refinaria. O custo total chegou a US$ 1,2 bilhão, embora o valor de mercado da unidade de refino seja de apenas US$ 180 milhões. Anteontem, o governo admitiu que a compra foi feita com base em um laudo "técnica e juridicamente falho".
O documento foi assinado por Nestor Cerveró, ex-diretor de Internacional da Petrobras. Cerveró, juntamente com Costa, chegou a ser intimado pelo MPF para esclarecer por que a estatal brasileira fez um negócio tão ruim ao adquirir a refinaria. A suspeita de irregularidades na compra também está sendo investigada pela PF e pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Há a suspeita de evasão de divisas.
Em Curitiba
O ex-diretor Paulo Roberto Costa, detido ontem no Rio, deve ser transferido para Curitiba, base das investigações da PF na Operação Lava-Jato. A capital paranaense, por sinal, foi onde Costa começou sua vida profissional. Ele se formou na UFPR, em 1976, e no ano seguinte ingressou na Petrobras, na qual trabalhou até 2012 quando abriu a consultoria Costa Global. Além disso, ele criou também uma holding, REF Brasil, para a construção de microrrefinarias no país. Essa empresa está construindo duas refinarias no Nordeste: uma em Sergipe e outra no Ceará.
Além de diretor de abastecimento da Petrobras, Costa foi também diretor da Gaspetro, de 1999 a 2000, e diretor-superintendente da TBG, braço da estatal responsável pelo gasoduto Bolívia-Brasil. Ele também atuou como conselheiro de diversas empresas ligadas à Petrobras.
A reportagem não conseguiu localizar nenhum advogado de Costa para comentar o caso.
Oposição aposta em insatisfação da base para emplacar CPI
Folhapress
A tarefa da oposição para emplacar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras na Câmara dos Deputados não será fácil. O oposição precisa conquistar o apoio de ao menos 150 deputados governistas. Mas os oposicionistas apostam no clima de insatisfação da base aliada com o Planalto e na pressão popular para criar a CPI.
Pelas regras da Câmara, para furar a fila de pedidos e ser instalada, uma CPI precisa reunir o apoio de 257 deputados para ganhar urgência, sendo votada em plenário. Os partidos de oposição contam com 102 parlamentares. Atualmente, a Câmara tem 15 pedidos para instalação de CPIs, sendo que apenas cinco podem funcionar simultaneamente. A oposição, porém, aposta em traições na base, especialmente do PMDB e de deputados que integraram o "Blocão" de partidos insatisfeitos com o Planalto. O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), reconhece as dificuldades, mas acredita que o cenário adverso ao Planalto no Congresso pode influenciar a criação da CPI.
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