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Lula se reúne com Dilma para tratar da crise da Petrobras
Folhapress
A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula tiveram ontem o primeiro encontro para debater a crise da Petrobras. A reunião, de cerca de 3 horas, aconteceu em um hotel da zona sul de São Paulo e, a portas fechadas, os dois discutiram a sós uma das principais polêmicas da gestão da petista.
O ex-presidente acredita que toda a energia do governo federal está sendo consumida com as denúncias sobre a Petrobras e a polêmica sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Lula teria dito a Dilma que o governo não pode estar paralisado em ano de eleição e que a reação precisa ser rápida. Para ele, a condução da crise levou a polêmica para o centro do Palácio do Planalto e deu à oposição munição para atingir a imagem da presidente.
O encontro sem testemunhas foi, segundo interlocutores de Lula e Dilma, para evitar qualquer vazamento de críticas ou explicações que um possa eventualmente ter feito ao outro.
Novos documentos em análise pela Polícia Federal (PF) apontam que a parceria financeira entre o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef incluiria contas conjuntas e tentáculos no exterior. Planilhas obtidas pela PF mencionam pagamentos realizados por empresas do doleiro a Costa, no período de julho de 2011 a julho de 2012, quando ele estava na diretoria da Petrobras. Os dois, que estão presos em Curitiba, são o centro das investigações em torno da Operação Lava-Jato, sobre lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção.
Segundo reportagem publicada ontem pelo jornal O Globo, parte dos relatórios da operação afirma que "os documentos retratados na representação sugerem a existência de uma conta corrente dele (Costa) com o doleiro, contas comuns no exterior e a entrega de relatórios mensais da posição dele com o doleiro e com pagamentos em haver para ele e para terceiros, alguns deles também relacionados a negócios envolvendo a Petrobras". Até agora, o ex-diretor vinha alegando que os vínculos dele com Youssef se restringiam a uma consultoria. Para a PF, porém, "a relação é bem mais profunda".
A consultoria teria sido oferecida ao doleiro no ano passado, quando Costa já não estava mais na Petrobras. Em troca, ele teria recebido uma Land Rover, de R$ 250 mil, um dos carros apreendidos pelos policiais. Costa não apresentou documentos para comprovar a consultoria.
O advogado Fernando Fernandes, que defende o ex-diretor da Petrobras, negou que ele tenha conta conjunta com Youssef ou que tenha conta no exterior. Ele sustenta que a PF faz ilações indevidas com base nos documentos que tem em mãos, nos quais aparecem os nomes de duas offshores, criadas por Costa em 2013.
Ontem, Fernandes entrou com novos pedidos de habeas corpus para o cliente, solicitando a nulidade dos documentos apreendidos pela PF relacionando Costa a Youssef. "Os documentos foram apreendidos na mesa do advogado da empresa [do doleiro], mas a lei garante a inviolabilidade dos arquivos de advogados", defende. Segundo Fernandes, os documentos se referem, na verdade, à compra de um terreno em Angra dos Reis, no litoral do Rio, feita por meio de empresas de Costa. O advogado ainda solicitou habeas corpus questionando o pedido de renovação da prisão preventiva do seu cliente.
Além de Costa ser investigado pelo carro de luxo recebido de Youssef, a PF também apura se ele intermediou contratos fraudulentos de obras da refinaria Abreu e Lima,em Pernambuco, favorecendo empreiteiras em orçamentos superfaturados.
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