Dois ex-executivos de alto escalão da Siemens afirmaram à Polícia Federal que a conta suspeita aberta em 2003 em Luxemburgo, um paraíso fiscal na Europa, era de conhecimento da matriz alemã. As informações são do jornal "Folha de S. Paulo". Segundo a reportagem, a Siemens alemã alega que apenas soube da existência da conta no ano de 2008, durante uma investigação sobre supostas irregularidades em seus negócios pelo mundo.
José de Mattos Junior e Raul de Mello Freitas disseram que "não havia como a matriz não conhecer uma conta pela qual passaram 7 milhões de euros (cerca de R$ 22,5 milhões hoje)." Freitas foi diretor da Siemens entre 2001 e 2011, quando foi afastado. Ele foi um dos quatro titulares dessa conta. Mattos Junior foi gerente de auditoria interna entre 2001 e 2006. Saiu quando se aposentou e também foi um dos beneficiários da conta.
De acordo com depoimento de Mattos Junior, a conta no banco Itaú em Luxemburgo foi aberta por ordem de um alemão, Jürgen Brunowsky, que veio para o Brasil para ser diretor administrativo-financeiro da filial brasileira da Siemens.
PF e Ministério Público
No início do mês, a Polícia Federal e o Ministério Público receberam a informação de que o ex-presidente da Siemens Adilson Antonio Primo pode ter usado uma conta aberta em Luxemburgo para transferir dinheiro de propina a funcionários públicos brasileiros.
A multinacional acusa Primo de ter usado a conta para desviar 7 milhões de euros (o equivalente hoje a R$ 22,5 milhões) da empresa. Primo disse que a conta foi aberta com autorização da empresa. Mas o diretor de investigação em compliance da Siemens AG, Mark Willian Gough, afirmou em depoimento à Polícia Federal que a matriz não tinha conhecimento.
Adilson Antonio Primo assumiu a presidência da Siemens no Brasil em 2001 e foi demitido por justa causa em 2011, por quebra de confiança. Primo moveu ação trabalhista contra a Siemens. No inquérito que apura o cartel em contratos do Metrô e da CPTM, a Polícia Federal investiga a hipótese de que a conta foi usada para pagar propina para funcionários públicos e políticos do governo de São Paulo, comandado pelo PSDB.
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu o inquérito aberto na Justiça Federal de São Paulo para investigar denúncia de formação de cartel em contratos firmados para a construção do metrô de São Paulo. A lista oficial de investigados remetida ao STF tem dez nomes, dos quais quatro têm prerrogativa de foro e, portanto, só podem ser investigados por decisão da Suprema Corte. Três deles integram o secretariado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
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