Novo depoimento marcado pelo ministro Herman Bejamin, corregedor geral da Justiça Eleitoral, no julgamento do processo de cassação da chapa Dilma/Temer, deve movimentar novamente Brasília nesta segunda-feira (6). Além dos depoimentos previstos, dos executivos Cláudio Melo Filho e Alexandrino de Salles Ramos , o ministro do Tribunal Superior Eleitoral convocou para depor no mesmo dia o também ex-executivo Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, apontado como o líder do Departamento da Propina da Odebrecht. Hilberto cumpre prisão domiciliar.
O ex- diretor e funcionário de confiança da Odebrecht está diretamente ligado a uma das provas de pagamento de propina pela empreiteira no exterior a ex-dirigentes da Petrobras. Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho é quem assina carta localizada por autoridades suíças na sede do banco PKB. No texto, ele afirma que a Odebrecht é a única responsável pela conta da offshore Smith & Nash no banco. De acordo com o MPF, foi por meio desta conta que a Odebrecht pagou propinas a Renato Duque, Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco e Jorge Zelada, integrantes da cúpula da estatal no governo Lula.
O GLOBO verificou que a assinatura de Hilberto na carta endereçada ao banco suíço, de 2013, é a mesma usada por ele em uma procuração para processo de despejo do inquilino de um de seus imóveis, em São Paulo. A semelhança reforça a autenticidade do documento suíço e a relação da Odebrecht com os pagamentos da Smith & Nash. De acordo com extratos obtidos na Lava-Jato, entre 2006 e 2011, a Odebrecht repassou US$ 45,4 milhões à Smith&Nash. Por sua vez, a offshore repassou US$ 9,5 milhões e 1,9 milhões de francos suíços para a conta de diretores da Petrobras ou offshores intermediárias. Há dois meses, autoridades suíças pediram à Justiça brasileira que Hilberto fosse ouvido sobre a conta no exterior, mas a oitiva ainda não ocorreu.
Desde a chegada na Odebrecht como estagiário, em 1975, Hilberto ocupou diferentes cargos executivos. Participou do conselho de administração da Braskem e foi assessor da diretoria financeira. Atualmente, é diretor da holding, com salário de R$ 77 mil, segundo o contracheque de dezembro de 2014. Em carta aberta para celebrar 30 anos de empresa, escreveu ter orgulho da “modesta contribuição à transformação do nosso negócio petroquímico em líder na América Latina” e referiu-se a Emílio Odebrecht como seu “líder educador”.
High Society baiano
A relação de intimidade com o clã Odebrecht extrapola os negócios na área de construção. Ele teve participação na gestão de restaurantes em Salvador quando a família Odebrecht investiu na rede Baby Beef e na revitalização do Chez Bernard, o mais famoso restaurante francês da capital baiana. Os irmãos Marcelo e Maurício Odebrecht marcaram presença no casamento de seu filho Rodrigo, em 2008. Não foi a única vez — colunas sociais da Bahia registram a intimidade do diretor com a família e também amizade das mulheres de Marcelo e Hilberto. Em junho deste ano, três dias depois da prisão de Marcelo, Célia Silva, a mulher de Hilberto, trocou a foto de seu perfil no Facebook pela marca da empresa onde o marido trabalha.
Ao contrário dos patrões, Hilberto é figura carimbada em eventos do high society baiano. Frequenta camarotes do Festival de Verão e do carnaval de Salvador. Quando o publicitário Nizan Guanaes promoveu festa em Nova York para comemorar o aniversário do apresentador Luciano Huck, em 2010, convidou Hilberto e a esposa. Os dois recebem amigos com frequência na Quinta do Lago, propriedade ancorada na beira do lago em Cabaceiras do Paraguaçu, na Bahia. Sua mãe é uma das donas de uma ilha na Bahia de Todos os Santos, em Salvador, onde mantém intacta antiga casa com senzala e recebe socialites para jogar tranca. O pai é ex-presidente do Banco do Nordeste.
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