Duas ex-funcionárias do deputado estadual Gilberto Ribeiro (PSB) acusam o parlamentar de reter parte do salário de pessoas que trabalham no gabinete dele, na Assembleia Legislativa do Paraná. Em depoimento ao Ministério Público Estadual (MP), uma delas admitiu que devolvia diretamente a Ribeiro mais da metade da remuneração mensal. Ela autorizou a quebra do próprio sigilo bancário para comprovar a suposta irregularidade. O parlamentar nega a acusação.
Parlamentar nega acusação e afirma que vai à Justiça
Gilberto Ribeiro (PSB) negou as acusações das duas ex-funcionárias. Segundo ele, o depoimento ao Ministério Público deixa claro que elas estão “ressentidas” com a saída do gabinete. “Dizer que dava dinheiro na minha mão, isso é um absurdo. Não mexo com dinheiro nenhum. Minha mãe sempre me disse: ‘não pegue uma agulha que não lhe pertencer’.”
Sobre o suposto nepotismo cruzado, Ribeiro afirmou que a sobrinha do prefeito Loreno Tolardo trabalhou por apenas dois ou três meses como comissionada no gabinete dele na Assembleia. Já a nomeação de sua esposa, Nanci Ribeiro de Camargo, no Consórcio Metropolitano de Saúde do Paraná, ao contrário, seria sob regime da CLT, registrada em carteira. “Não sei se isso caracteriza [nepotismo cruzado]”, declarou. A reportagem não conseguiu contato com Tolardo. Afirmando que vai processar as duas ex-funcionárias para que provem as acusações, o parlamentar afirmou estar cansado de “levar tanta bordoada”. “É o meu nome que está em jogo. Já me acusaram de tanta coisa. Tenho 35 anos de comunicador, sou um troféu para eles.”
Conforme depoimento prestado no dia 22 de outubro, Emanoelli Secchi da Silva afirmou ter trabalhado para Ribeiro do final de 2013 até fevereiro deste ano. Nas alegações ao MP, ela disse ter sido procurada pelo parlamentar por indicação da mãe, Alice Secchi, que é servidora concursada da Assembleia e estava cedida ao gabinete dele. Na época, Emanoelli era estagiária de Direito no Departamento de Execução Penal (Depen) e foi contratada para trabalhar durante a tarde no Legislativo, auxiliando na elaboração de projetos de lei.
Segundo Emanoelli, Ribeiro disse que ela teria que devolver parte do salário a ele. No depoimento, a hoje advogada afirmou que aceitou a oferta, mesmo sendo prejudicada, porque sua remuneração saltaria de um salário mínimo para cerca de R$ 2 mil. Do salário líquido de R$ 5,4 mil recebidos por ela, conforme dados do Portal da Transparência, Emanoelli declarou que ficava com R$ 2,2 mil. O restante era sacado no caixa eletrônico e devolvido ao próprio Gilberto Ribeiro.
Ela ainda disse ao MP que Leila Soriani e Eliseu Meira também devolviam dinheiro ao parlamentar. Já a mãe dela, Alice Secchi, afirmou que não era segredo dentro do gabinete, “porque todo mundo comenta”, que os funcionários Dinho e Kiko entregam parte do salário a Leila. Eles estariam lotados na 3.ª vice-presidência da Assembleia, comandada por Ribeiro. De acordo com Alice, Leila era quem coordenava a arrecadação, além de ser responsável por cuidar das contas do gabinete e da vida financeira privada do parlamentar, inclusive com acesso à conta bancária dele.
Mais denúncias
Ao MP, Emanoelli declarou também que, ao exonerá-la da Assembleia, Ribeiro a indicou para trabalhar no Consórcio Metropolitano de Saúde do Paraná (Comesp), onde atua hoje. Lá, descobriu que a esposa do parlamentar, Nanci Ribeiro de Camargo, também trabalha no local. Em troca, Gilberto Ribeiro teria nomeado na Assembleia uma sobrinha do presidente do Comesp e prefeito de Quatro Barras, Loreno Tolardo, num suposto nepotismo cruzado. Promotor de Proteção ao Patrimônio Público e responsável pelo caso, Fábio Guaragni informou apenas que as investigações estão em andamento. Ele disse não poder dar detalhes do processo para não atrapalhar os trabalhos do MP.
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