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O pagamento de R$ 152 mil recebidos pelo ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB) em dezembro passado - último mês dele no comando do estado - foi possível graças a um decreto que prevê exceções, criado pelo próprio Silval.

Datado de 31 de março de 2014, o decreto 2.245 alterou outro, o de número 2.090 de dezembro de 2013, que proibia ao servidor público vender suas férias, além de obrigar o Estado a só efetuar o pagamento de qualquer benefício em atraso de acordo com o cronograma de quitação de precatórios - dívidas que o Estado possui com pessoas físicas e jurídicas.

O texto assinado por Silval no ano passado condiciona os pagamentos "excepcionais" somente à "expressa autorização" do secretário Extraordinário das Ações do Gabinete do Governador.

Sílvio Corrêa, o ex-ocupante do cargo e aliado de Silval, autorizou o pagamento de R$ 152 mil ao ex-governador, de acordo com o Portal da Transparência do Governo de Mato Grosso.

A quantia - quase dez vezes o seu salário normal na época, de R$ 16,9 mil - diz respeito a seis meses de férias não recebidas e licença-prêmio, por exemplo.

O valor se refere ao período 2008-2014, quando o peemedebista ocupou os cargos de vice e de governador do Estado.

Silval alega que nunca havia tirado férias. Ele assumiu o governo de Mato Grosso em março de 2010, após Blairo Maggi (PR) renunciar ao comando do Executivo para disputar a eleição para o Senado. Naquele mesmo ano, foi eleito no primeiro turno.

À reportagem Silval disse que "tudo está dentro da legalidade". Ele foi denunciado recentemente pelo Ministério Público Estadual sob suspeita de desvio de recursos públicos. A Justiça já determinou o bloqueio de seus bens, no valor de R$ 12 milhões. Ele nega as acusações.

A reportagem não conseguiu falar com o ex-secretário Extraordinário das Ações do Gabinete do governador Sílvio Corrêa.

Outros beneficiados

De acordo com o secretário de Gestão, Júlio Modesto, além de Silval e de outros três ex-secretários de Estado, mais pessoas do alto escalão do governo anterior foram contemplados pelo decreto de 2014.

Segundo ele, os pagamentos "não soaram de bom tom", já que o Estado enfrenta dificuldades financeiras. Modesto lembrou que o antecessor de Pedro Taques (PDT) deixou apenas R$ 84 mil na conta.O secretário afirmou que, após concluir investigação sobre esses pagamentos, irá se reunir com a coordenação jurídica para analisar quais providências poderão ser tomadas.

A Secretaria de Comunicação do Estado informou que, como o cargo de secretário Extraordinário das Ações do Gabinete do Governador não existe mais, o decreto que permitia os pagamentos "excepcionais" torna-se sem efeito. Dessa forma, o decreto 2.090 de dezembro de 2013 volta a vigorar, sem alteração.

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