Aécio defende aliado e diz que acusação é falsa e covarde
Presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) classificou como "falsa e covarde" a acusação de que o senador eleito Antonio Anastasia (PSDB-MG) foi citado na Operação Lava Jato. Aécio disse, em nota, que o partido não vai permitir que "biografias honradas" se "confundam com a daqueles que vêm assaltando os cofres públicos do país".
"Se o objetivo dessa farsa é intimidar e constranger a oposição, informamos que o efeito será justamente o contrário: o PSDB redobrará os esforços no sentido de continuar exigindo uma profunda e isenta investigação, que tenha como compromisso único revelar à população a verdade e os responsáveis pelo maior escândalo de corrupção na história do país, ocorrido ao longo dos últimos doze anos durante a administração do PT na Petrobras", afirmou Aécio.
O policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, disse, em depoimento à Polícia Federal (PF) em novembro, que entregou R$ 1 milhão do doleiro Alberto Youssef ao então candidato a governador de Minas Gerais Antonio Anastasia (PSDB) em 2010. A citação na Operação Lava Jato, revelada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo, fez o tucano pedir uma acareação com Oliveira.
Senador eleito, Anastasia divulgou nota em que se diz "tomado de forte indignação" e "revoltado" por ter seu nome envolvido no caso. "Em primeiro lugar, registro que não conheço este cidadão, nunca estive ou falei com ele. Da mesma forma não conheço, nunca estive ou falei com o doleiro Alberto Youssef. Em 2010, já como governador de Minas Gerais, não tinha qualquer relação com a Petrobras, que não tinha obras no estado, ademais do fato de eu ser governador de oposição ao governo federal", disse.
"Estranha-se assim o motivo da alegada entrega de recursos. Por outro lado, pelo que se vê do dito depoimento, também é muito estranho o alegado encontro de um governador de estado em uma casa que não é sua, com um desconhecido, para receber dinheiro", acrescentou o ex-governador.
Identificação por foto
No depoimento à PF, o policial disse que, tempos depois de ter entregue o dinheiro, ao ver os resultados eleitorais, identificou que quem ganhou a eleição em Minas era a pessoa a quem teria entregue o dinheiro.
Foi mostrada, então, uma foto de Anastasia ao policial pela PF. Careca disse que a pessoa que aparece na fotografia "é muito parecida com a que recebeu a mala enviada por Yousseff". Anastasia era vice-governador de Aécio Neves (PSDB) e assumiu o governo de Minas em abril de 2010, com a renúncia do hoje senador.
Já como governador, ele concorreu à reeleição naquele mesmo ano e foi eleito para o novo mandato, que cumpriu até março de 2014, quando renunciou e se candidatou ao Senado.
Na nota, Anastasia descreve ainda ter uma vida pública bem conhecida dos mineiros e que seu único patrimônio "é moral, não tendo amealhado bens no exercício dos diversos cargos públicos". "Sempre tive exemplar comportamento, reconhecido por todos."
Ele disse ser uma acusação "falsa e absurda" que gera nele "indignação" e "revolta", e levanta a hipótese de ser uma estratégia dos "culpados" na Operação Lava Jato, envolvendo pessoas da oposição ao PT.
"Não sei o motivo de tal inverdade no âmbito desta operação. Mas, sem dúvidas misturar falsidades com fatos verdadeiros pode ser uma estratégia dos culpados", disse Anastasia.