Brasília (Folhapress) O ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto afirmou ontem, em depoimento à CPI do Mensalão, que usou caixa 2 em todas as campanhas eleitorais que disputou e que preferiu pedir dinheiro ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares em vez de usar recursos de fornecedores da pasta para pagar as dívidas do pleito de 2002, quando concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados.
"Sabia que poderia resolver (as dívidas de campanha) com os fornecedores (de serviços) do ministério, mas eu preferi procurar o Delúbio", disse Adauto, que atualmente é prefeito de Uberaba (MG). "Nas onze campanhas que disputei sempre foi assim (com uso de caixa 2). Nunca vi uma campanha se fechar da forma que é declarada no Tribunal Superior Eleitoral", afirmou Adauto, que já foi deputado estadual, federal e disputou por algumas vezes a Prefeitura de Uberaba.
Durante o depoimento, Adauto que foi ministro entre janeiro de 2003 e março de 2004 ocupando a cota do PL confessou ter recebido R$ 410 mil do esquema de Marcos Valério Fernandes de Souza depois de ter pedido ajuda a Delúbio no começo de 2003.
O empresário mineiro, porém, diz que repassou R$ 1 milhão a Adauto.
"O Delúbio me disse que faria um empréstimo para me ajudar. Quem precisa dos recursos não entra nos detalhes. Não pergunta de onde vem."
O ex-ministro confirmou que os R$ 410 mil foram sacados numa conta de Valério no Banco Rural pelo ex-chefe de gabinete José Luiz Alves e pelo irmão dele, Édson Pereira de Almeida. Contudo, ele nega ter recebido o dinheiro no gabinete do ministério, como havia dito Alves à CPI no mês passado. "Posso ter recebido na rua, mas não no meu gabinete", disse.
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