
Reportagem publicada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo denunciou que o ex-ministro de Minas e Energia Édison Lobão (PMDB), candidato ao Senado pelo Maranhão, teria articulado a retomada da exploração de ouro no lendário garimpo de Serra Pelada, no Sul do Pará, com o objetivo de favorecer aliados. Isso teria ocorrido quando ele ainda comandava o ministério (Lobão deixou o cargo no início do ano para se candidatar nas eleições de outubro).
Estima-se que ainda restem entre 20 e 50 toneladas de ouro na mina de Serra Pelada.
Segundo a denúncia, a empresa Colossus, aberta em 2006 no Canadá especialmente para retomar a extração do ouro de Serra Pelada, é controlada por um grupo de brasileiros com ligações estreitas com o próprio Lobão.
Com o aval do governo, a exploração do garimpo será feita pela Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral, empresa criada a partir de um contrato entre a Colossus e a Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp) entidade que reúne 40 mil garimpeiros e que detém os direitos sobre a mina.
Lobão teria operado para formalizar a Coomigasp como proprietária do garimpo e para tomar o controle da cooperativa. Num processo conturbado, marcado por ações judiciais e violência, garimpeiros do Maranhão ligados ao ex-ministro conseguiram assumir o comando da cooperativa.
Justamente nessa época é que teria surgido a Colossus. A proposta de contrato com a empresa foi aprovada a toque de caixa pelos associados da cooperativa.
A estratégia do grupo para se apossar da mina incluiu o pagamento de um benefício mensal no valor de R$ 900 para 96 pessoas que vivem na área. O esquema, batizado de "mensalinho da Serra", é alimentado por recursos repassados pela Colossus à Coomigasp. Procurado para falar sobre as mesadas, o diretor social da Coomigasp, Carlos Jovino, confirmou os repasses, que chamou de "contribuições" e "ajuda social" da Colossus.
Ex-diretor da entidade e um dos opositores do grupo de Lobão, o sindicalista Edinaldo Aguiar diz que o esquema de mesadas foi a forma encontrada pela empresa para conseguir calar os garimpeiros que eram contra o negócio.
A Colossus recorreu ainda a velhas práticas assistencialistas para ganhar a confiança e a simpatia dos garimpeiros. Isso incluiu a realização de três festas para distribuição de cestas básicas a famílias de Serra Pelada e a disponibilização de um caminhão-pipa para esquichar água sobre o chão de terra batida da localidade o que amaina a poeira do começo da tarde nas ruelas locais.
A Colossus alega que apenas é uma "aliada" da prefeitura na distribuição de cestas básicas e que já gastou R$ 800 mil em "ações sociais" na área que incluem a reforma de um hospital, um posto de saúde e uma escola.
A reportagem ainda informa que Lobão foi procurado, mas não deu retorno para explicar sua versão sobre o caso.
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