O ex-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Fábio Medina Osório, demitido nesta sexta-feira (9) voltou a relacionar sua saída à suposta insatisfação do Palácio do Planalto com medidas tomadas pela AGU no âmbito da Operação Lava Jato.
Em entrevista neste sábado (10) à Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul, ele disse que foi afastado por ter tomado iniciativas mirando empreiteiras e políticos. Osório acusou o governo de “obstaculizar” o trabalho da AGU e criticou a atuação do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
O ex-advogado-geral da União reiterou que é da AGU a competência de proteger o erário público e buscar o ressarcimento de danos causados pela corrupção. Segundo ele, o governo federal não tem interesse em agilizar processos neste sentido. “Desde o primeiro momento em que ajuizamos ações de improbidade contra empreiteiras, buscando ressarcimento de quase R$ 12 bilhões, no início da minha gestão, eu fui submetido a um processo difamatório constante e contínuo”, afirmou. “Falaram mentiras de toda a espécie para tentar justificar a desconstrução moral de uma autoridade.”
De acordo Osório, o “ponto culminante”, que gerou um atrito com Eliseu Padilha, se deu quando a AGU solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso a inquéritos que apuram a participação de integrantes da base do governo no esquema apurado pela Lava Jato. “Ele (Padilha) entende que a AGU tem que estar a serviço dos interesses do governo”, relatou Osório na entrevista.
Osório disse que Padilha concentra “superpoderes” na Casa Civil e tenta “confundir” a opinião pública. “Dizer que eu não tenho relacionamento no STF para justificar a minha saída é uma falácia, uma mentira. O Padilha, através da Casa Civil, fica espalhando essas notas maldosas, falando em nome do Planalto”, afirmou. “De algum modo eu fui alvejado do cargo em função da minha atuação no âmbito da Operação Lava Jato.”
O ex-advogado-geral da União citou que o ministro Teori Zavascki, do STF, autorizou o compartilhamento de inquéritos da Lava Jato com a AGU, mas o material não foi entregue. “Fomos impedidos de acessar esses inquéritos”, disse Osório. “É muito grave isso que vem ocorrendo com uma ‘obstaculização’ do trabalho da AGU.”
Osório assumiu a chefia da AGU em maio deste ano, apadrinhado pelo próprio Padilha, no início do governo interino de Michel Temer. Na entrevista à Rádio Guaíba, o ex-advogado-geral da União também afirmou que sua sucessora, a ministra Grace Mendonça, tem qualidades técnicas irrefutáveis. “Esperemos que ela exerça com autonomia e independência, sem cerceamento a suas prerrogativas e sem ser submetida ao processo de difamação a que eu fui submetido”, disse.
Neste sábado, a AGU divulgou uma nota dizendo que as recentes declarações do ex-chefe da instituição, de que o Planalto estaria tentando “abafar” a Operação Lava Jato, “atestam o total desconhecimento das rotinas e procedimentos internos da instituição. O texto destaca que a defesa do erário e o combate à corrupção “é e continuará sendo sua principal missão”.
AGU: declarações de Osório mostram total desconhecimento das rotinas
As declarações do ex-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) Fábio Medina Osório de que o Planalto estaria tentando “abafar” a Operação Lava Jato, “atestam o total desconhecimento das rotinas e procedimentos internos da instituição”, segundo nota enviada neste sábado, 10, pela assessoria do órgão. O texto destaca que a defesa do erário e o combate à corrupção “é e continuará sendo sua principal missão”.
“As atividades institucionais continuarão pautadas pelos mais elevados princípios constitucionais que norteiam a Administração Pública”, diz a nota, já sob condução da ministra Grace Mendonça.
Osório foi demitido do cargo nesta sexta-feira, 9, e atribuiu a exoneração à suposta insatisfação do governo com medidas tomadas pela AGU contra políticos investigados na Lava Jato, incluindo parlamentares aliados do presidente Michel Temer. Sua exoneração foi definida horas depois de Medina cobrar de sua equipe agilidade nas providências para ajuizar ações de improbidade administrativa contra responsáveis por desvios na Petrobras.
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