Belo Horizonte (AE) Uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público de Minas Gerais apreendeu ontem documentos contábeis da agência de publicidade DNA Propaganda na residência do carcereiro aposentado Marco Túlio Prata, no bairro Flamengo, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo o delegado Elder Dangelo, foram encontradas cópias de notas fiscais da DNA em 12 caixas de papelão. Uma parte dos documentos estava acondicionada em dois tambores e já havia sido queimada.
A operação foi deflagrada para cumprir mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra o carcereiro aposentado, que, segundo a polícia, é irmão de Marco Aurélio Prata, proprietário do escritório Prata e Castro Associados.
O escritório presta serviços para Marcos Valério Fernandes de Souza sócio da DNA e acusado de ser o operador do "mensalão" e foi alvo de uma operação da Polícia Federal no último dia 23. Na ocasião, os agentes federais apreenderam CPUs e uma grande quantidade de documentos fiscais e de natureza diversa, que foram encaminhados para Brasília.
Segundo a Polícia Civil, os mandados foram expedidos pela Justiça, já que Marco Túlio é acusado de homicídio e estava sendo investigado pela Promotoria de Combate ao Crime Organizado por tráfico de armas. Além dos documentos, foi apreendida também uma grande quantidade de armas de grosso calibre, explosivos e munição.
O promotor Leonardo Barbabela, que preside o inquérito civil instaurado pelo MP para investigar as agências e Marcos Valério, disse que as escutas autorizadas pela Justiça identificaram a possibilidade de que documentos fiscais da DNA poderiam ser encontrados no local.
Segundo ele, foram encontradas notas fiscais destinando serviços terceirizados a órgãos públicos e privados. Barbabela disse que o Ministério Público irá requisitar o material e analisar a possibilidade de superfaturamento dos valores que constam nas notas, licitação fraudulenta e improbidade administrativa. De acordo com o promotor, outras prisões poderão acontecer nos próximos dias.
A DNA informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que só irá se posicionar sobre o assunto quanto tiver acesso ao auto de apreensão.
Armas
Conhecido pela violência, Marco Túlio é assassino confesso de Ernandes Teixeira de Paiva, de 23 anos. O desempregado foi morto em junho do ano passado com dois tiros, quando estava deitado numa maca, na sala de raio-x do setor de politraumatizados Hospital de Pronto Socorro João XXIII, em Belo Horizonte.
O carcereiro assumiu a autoria do crime em entrevistas a rádios e jornais da cidade. Disse que entrou no hospital durante a madrugada e deu dois tiros com a arma do policial de plantão na cabeça de Ernandes, que horas antes teria tentado assaltar seu filho, ferido com um tiro. Depois de efetuar os disparos, ele deixou o hospital pela portaria principal e fugiu em seguida.