Relatório da Polícia Federal levanta suspeita sobre envolvimento do ex-prefeito de Cuiabá Francisco Galindo (PTB) com a quadrilha que fraudava fundos de previdência municipais. O documento cita gravações com autorização judicial em agosto do ano passado narrando encontros que Galindo teria tido com integrantes da quadrilha. Na época, ele ainda estava no cargo e, segundo a PF, pode ter tentado beneficiar os integrantes da quadrilha comandada pelo doleiro Fayed Traboulsi. A decisão judicial que deflagrou a operação Miqueias na semana que passou autorizou que o ex-prefeito fosse conduzido coercitivamente para prestar depoimento.
Nas conversas gravadas, os integrantes da quadrilha discutem, segundo a PF, o processo de suposta cooptação do então prefeito. Luciane Hoepers, apontada na investigação como integrante da quadrilha, foi a Cuiabá para o encontro. Em conversa gravada com o doleiro Fayed, ela conta que o então presidente do instituto de previdência municipal passou a cuidar do caso de maneira burocrática e foi preciso recorrer a um secretário municipal, cujo nome não é citado na conversa, para resolver.
O relatório da PF afirma que, três dias após a última conversa entre os integrantes da quadrilha, houve reunião do Conselho Fiscal do Instituto de Previdência Social dos Servidores de Cuiabá (Cuiabá-Prev). A ata registra que o prefeito tinha feito um pedido pessoal para alteração do perfil de investimentos do fundo no valor de R$ 21 milhões. As aplicações deveriam ser destinadas aos fundos Eslovênia, Vitória-régia e Elo.
O mesmo relatório da PF informa, no entanto, que a mudança no perfil de investimentos foi rejeitada pelo conselho, tendo em vista que os fundos recomendados pelo prefeito eram muito recentes e tinham pouquíssimos cotistas. Segundo a PF, a quadrilha oferecia às prefeituras nomes de fundos de investimento para aplicação dos recursos que tinham títulos inflados e acabavam gerando prejuízo.
Estadual
Documentos da PF sustentam ainda que a quadrilha acusada de fraudar fundos de previdência de servidores de prefeituras também atua em fundos estaduais. O documento cita conversas telefônicas gravadas pela PF com autorização judicial sobre contatos feitos por lobistas ligados ao grupo para atrair recursos do fundo de previdência dos servidores do Piauí. A PF diz que nesse estado a quadrilha teria contato com a ajuda do ex-procurador-geral da Fazenda Nacional Manoel Felipe Brandão, incluído na lista dos lobistas utilizados pelo grupo comandado pelo doleiro Fayed Traboulsi.
O ex-prefeito Galindo não retornou a ligação da reportagem. O ex-procurador Manoel Brandão não foi localizado.
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