O ex-presidente da Câmara Municipal de Guarapuava, Admir Strechar, foi condenado a cinco anos de prisão em regime semiaberto por prática de peculato (apropriação de dinheiro público), em decisão da 1.ª Vara Criminal de Guarapuava. Ele teria trocado os pneus de dois carros e lançado a conta para que fosse paga pela Câmara da cidade.
Essa é a primeira condenação de Strechar, apesar de ele já estar preso em Guarapuava desde a metade do ano passado. O ex-vereador responde ainda a pelo menos outras 10 ações relacionadas à apropriação indevida de salários de funcionários da Câmara, que ainda não foram julgadas.
Vereador entre 2000 e 2011, Strechar foi eleito presidente da Casa por dois mandatos, segundo a Câmara da cidade. Ele foi afastado do cargo durante operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público (MP) deflagrada em 2011 e que apurou esquema de apropriamento de salários por um grupo de vereadores. O uso de dinheiro público para a troca de pneus de Strechar foi um dos desdobramentos do caso.
Mesmo com o afastamento do cargo de vereador, Strechar nunca foi cassado. Portanto, recebeu salários de presidente da Câmara regularmente até o fim de 2012, quando deveria encerrar seu mandato. O subsídio pago para o cargo foi de R$ 15,3 mil em janeiro de 2014, segundo o Portal de Transparência da Casa. Não há informações sobre quanto era pago em 2011.
Na ocasião em que foi preso, em julho de 2013, o entendimento da Justiça foi de que o ex-presidente não poderia permanecer em liberdade por conta da gravidade dos crimes atribuídos a ele, de acordo com Vitor Hugo de Castro Honesko, promotor de Guarapuava. Strechar já havia sido preso por alguns meses em 2011 e foi liberado por habeas corpus. Durante o período em que ficou preso, ele foi flagrado usado um iPad dentro da cela. O tempo que ele já está cumprindo na prisão poderá ser descontado das condenações, segundo o promotor.
Honesko reclama que o andamento das ações que pesam contra Strechar caminham em ritmo lento na Justiça. Segundo ele, um caso apropriação de salário de uma servidora fantasma, que foi nomeada como comissionada e não ia trabalhar, terá a primeira audiência em setembro de 2016, apesar de o caso ter entrado na 2ª Vara Criminal da cidade em 2011. "Só nesse caso foi apurado o desvio de R$ 110 mil de dinheiro público. Nesse ritmo, os crimes vão prescrever. O Paraná já não cumpre bem a meta do Conselho Nacional de Justiça de julgar os crimes relacionados à administração pública e desse jeito não teremos julgamento nenhum", afirma.
A mesma decisão que condenou o ex-presidente da Câmara a cinco anos de prisão trazia ainda outra acusação de peculato, também por compra de pneus, da qual ele foi absolvido. A Promotoria de Guarapuava já entrou com recurso para rever a decisão.
A reportagem tenta, sem sucesso, entrar em contato com o advogado de Strechar, Miguel Nicolau Junior. De acordo com seu escritório de advocacia, Nicolau está em reunião.
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