No Ministério da Defesa desde março de 2011, onde é assessor especial do ministro Celso Amorim, o ex-presidente do PT José Genoino é considerado um boa-praça pelos militares. Mas, nestes dias que antecedem ao julgamento do mensalão, do qual é um dos réus, seu temperamento mudou e anda pouco afeito a gracejos. Anda tenso e preocupado, com receio do que lhe reservam os ministros do Supremo Tribunal Federal.
Para o servidor da Defesa, chamado de "comissário" petista por alguns oficiais, o mensalão é um tema quase proibido. "Não estou comentando nada. Nem do meu estado de espírito. Vou manter o comportamento adotado desde o início", disse Genoino, que delegou a seu advogado, Luiz Fernando Pacheco, a incumbência de atender a imprensa.
"O Genoino está muito bem, mantendo a rotina no ministério. Nós vamos esclarecer a grande injustiça de que está sendo vítima. Esperamos um julgamento técnico e justo", avalia Pacheco.
Seu irmão, o deputado José Guimarães (PT-CE), também evita comentários. "A família espera um julgamento justo. Não vou comentar mais que isso", sintetizou Guimarães.
Genoino responderá por corrupção ativa e formação de quadrilha. Ele foi relacionado pelo Ministério Público como integrante do "núcleo político" do mensalão, ao lado de José Dirceu e Delúbio Soares. Era o presidente do PT e avalista dos empréstimos que teriam abastecido o esquema.
Ao STF, a defesa, em sua alegação final, classifica a denúncia de "kafkiana", chama Roberto Jefferson de "verdadeiro bufão" e diz que Genoino chegou ao comando do PT por acaso, quando José Dirceu saiu do partido e assumiu o ministério da Casa Civil no governo Lula.
Genoino recorda que esteve sempre distante da gerência das finanças do partido. Na verdade, diz que sempre lhe faltou traquejo para lidar com dinheiro.
"De fato, é inconteste nos autos não ter o defendente (Genoino) qualquer aptidão para a gerência de finanças. Sua função dentro do partido sempre foi a articulação política".