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Ex-presidente Lula disse nesta segunda (22) que o PT está velho e só pensa em cargos. | Paulo Whitaker/Reuters
Ex-presidente Lula disse nesta segunda (22) que o PT está velho e só pensa em cargos.| Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Para fundadores do PT que deixaram a legenda e petistas insatisfeitos com os rumos do governo da presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou se eximir da crise vivida pela sigla em sua intervenção, feita nesta segunda-feira (22), em tom de desabafo, durante uma palestra em seu instituto.

“Não dá para ele se isentar e jogar toda a culpa no PT. Lula ainda é a principal liderança e foi o principal condutor desse processo, desde a origem até hoje”, afirma a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP).

Uma das primeiras prefeitas de capitais eleitas pelo partido em 1988, quando venceu a disputa em São Paulo, Erundina deixou o partido em 1997 depois de um longo processo de desgaste interno por ter aceitado um cargo no primeiro escalão do governo Itamar Franco.

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Para a deputada, ao afirmar que e o PT “perdeu um pouco a utopia” e que os petistas “só pensam em cargo”, Lula está refletindo um quadro grave vivido pelo País. “A fala dele foi um sintoma da falência do PT. E esse sintoma chega para mim com muito mais contundência”, concluiu a ex-prefeita.

Também integrante da primeira geração de dirigentes políticos do Partido dos Trabalhadores, o deputado Ivan Valente, hoje no PSol, faz a mesma leitura. “Esse é um discurso para consumo interno no partido, mas o Lula não pode se eximir da responsabilidade pelo PT estar vivendo essa crise monumental. O partido rebaixou o seu programa por orientação dele”, diz.

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O parlamentar também comentou a reclamação do ex-presidente sobre a redução drástica da militância espontânea petista que marcou a sigla antes da chegada ao poder. “O maior responsável por tirar do PT o caráter da contribuição militante foi o próprio Lula. Foi ele quem implantou a lógica de ganhar eleição a qualquer custo”, conclui Valente.

Correlação de forças

Integrante da segunda maior corrente interna do PT, a Mensagem ao Partido, e membro do diretório nacional da sigla, o deputado Paulo Teixeira (SP) faz outra leitura das recentes autocríticas de Lula. “Há um sentimento de mudança no partido. A correlação de forças internas já mudou. A fala do ex-presidente converge para isso.”

Teixeira se refere à redução da influência do chamado grupo majoritário que comanda o PT desde sua fundação e o consequente fortalecimento de correntes mais à esquerda no espectro partidário.

Já o senador Paulo Paim (RS) avalia que o discurso do ex-presidente corroborou um fenômeno que vem ocorrendo no partido desde a chegada ao poder central em 2003. “É lamentável que alguns setores do PT tenham se encantado com o poder. Tem gente com mais de 100 cargos indicados”, diz o parlamentar. Paim deve mudar de sigla até o fim deste ano.

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