Carli: teste de dosagem alcoólica comprovou que o parlamentar estava embriagado| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O exame toxicológico feito na amostra de sangue do deputado Fernando Ribas Carli Filho (PSB), colhida pouco depois do acidente, não detectou a presença de drogas – anfetaminas ou cocaína. A divulgação do resultado estava prevista para a próxima segunda-feira, mas foi antecipada para ontem à noite pelo Instituto Médico Legal (IML) do Paraná. Já o teste de dosagem alcoólica, liberado no início da semana, comprovou que o parlamentar estava embriagado no momento da colisão e tinha 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue.

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Nos próximos dias, deverá ser realizada a reconstituição do acidente, para que seja possível determinar como aconteceu a colisão e que velocidade os veículos envolvidos desempenhavam. No entanto, a polícia ainda aguarda o resultado de laudos do Instituto de Criminalística, que apresentarão um levantamento do local da batida. O laudo de necropsia dos dois jovens que morreram não foi concluído.

Celular

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Também ontem, o Tribunal de Justiça do Paraná autorizou a quebra do sigilo telefônico dos dois celulares usados por Carli Filho. A Justiça já encaminhou um ofício para obter junto às companhias telefônicas Claro e Nextel a listagem de todas as ligações efetuadas e recebidas pelo parlamentar entre 12 horas do dia 6 de maio e 12 horas do dia 7. Além disso, as empresas terão que indicar próximo a quais antenas (Estação Rádio Base – ERB) o sinal dos celulares foi captado.

Essas informações serão necessárias para a polícia tentar reconstituir os últimos acontecimentos antes do acidente envolvendo o deputado – na madrugada do último dia 7. Até hoje, ainda não se sabe ao certo o que Carli Filho fez depois de sair do restaurante no qual esteve com um casal de amigos, poucas horas antes da colisão.

Embriaguez

O advogado Elias Mattar Assad, que representa a família de um dos jovens mortos no acidente, protocolou ontem um pedido no Ministério Público Estadual, sugerindo à entidade que solicite esclarecimentos ao IML a respeito do resultado do exame de dosagem alcoólica de Carli Filho. No documento, Assad questiona o fato de as duas amostras de sangue do deputado, que teriam sido colhidas no dia do acidente pelo Hospital Evangélico, apresentarem resultados diferentes quanto à presença de álcool: uma positiva e a outra negativa. O advogado ainda pede esclarecimentos sobre o armazenamento do material e sugere a realização de um teste de DNA para confirmar se as duas amostras são do deputado.

De acordo com o laudo do IML, o exame que deu positivo para a primeira amostra "não representa o valor real da alcoolimia" e traz "um resultado meramente qualitativo, pois a amostra de sangue não foi coletada para a finalidade específica para dosagem de álcool etílico e sua manipulação objetivando obtenção de outros dados pode interferir na análise quantitativa de álcool etílico". Já a única ressalva ao resultado negativo da segunda amostra é que o Hospital Evangélico não informou o horário de coleta do material.

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Nos primeiros dias em que foi questionado sobre o assunto, o Evangélico havia informado que a primeira coleta de sangue havia sido feita apenas para determinar o tipo sanguíneo de Carli Filho e descobrir se ele tinha alguma doença. Já o Hemobanco do Paraná (responsável pelo banco de sangue do hospital), no dia em que enviou o material ao IML, tinha divulgado que uma das amostras foi colhida no momento em que o parlamentar deu entrada no pronto-socorro do hospital, pouco depois do acidente, às 2h15 – a segunda amostra foi coletada dois dias após o acidente. Segundo especialistas, o organismo é capaz de metabolizar o álcool presente no sangue após 24 horas da ingestão da bebida – o que explicaria a diferença no resultado dos exames.

Divulgado no início da semana, o resultado do exame de dosagem alcoólica confirmou que Carli Filho estava embriagado no momento da colisão, como já vinham afirmando testemunhas e o laudo de atendimento do Corpo de Bombeiros. Segundo o teste, o parlamentar tinha 7,8 decigramas de álcool no sangue – taxas acima de seis decigramas são consideradas crime e podem render prisões em flagrante do motorista.

Estado de saúde

Carli Filho deixou a unidade de terapia semi-intensiva na manhã de ontem e foi transferido para um quarto normal do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde está internado há 13 dias. Segundo o hospital, ele está consciente, mas ainda não tem previsão de alta. Os médicos ainda aguardam a recuperação do parlamentar para avaliar a necessidade de mais cirurgias para corrigir fraturas no crânio e na face.