A executiva Ayanna Tenório, apontada pela Procuradoria-Geral da República como integrante do "núcleo financeiro da organização criminosa" que girou recursos do mensalão, afirma que "não possuía nenhuma razão para desconfiar que o destinatário dos empréstimos fosse o Partido dos Trabalhadores". Em documento de oito páginas intitulado Memorial, entregue aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa de Ayanna garante que "para ela se tratava de uma operação de renovação de crédito regular contraída por clientes de longa data do banco, contra os quais, na ocasião, não pesava nenhuma suspeita de irregularidade".
Ex-vice-presidente do Banco Rural, instituição que a Procuradoria acusa de ter abastecido o mensalão, Ayanna foi incluída na denúncia supostamente por ter proporcionado aos grupos político e operacional do esquema "o aporte de recursos que viabilizou a prática dos diversos crimes objeto da acusação, obtidos mediante empréstimos simulados".
A acusação sustenta que a conduta do núcleo financeiro tornou viáveis mecanismos de lavagem de dinheiro que permitiram repasse dos valores aos destinatários finais.
"Não cabia a Ayanna, na organização interna do Banco Rural, relacionar-se com clientes, muito menos estruturar ou ordenar a realização de operações financeiras ou de crédito, até porque lhe faltava capacidade técnica profissional para tanto", diz o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, defensor da executiva. "Ela não teve nenhuma participação no relacionamento comercial entre o Rural e as empresas ligadas ao publicitário Marcos Valério, muito menos na constituição dos empréstimos a estas empresas, até porque nem sequer trabalhava no banco na ocasião."
Renovações
Assim, de todas as operações de crédito apontadas pela denúncia, Ayanna teve participação em apenas duas renovações de empréstimo uma relativa à SMP&B e outra à Graffite Participações, realizadas no mesmo dia, 29 de junho de 2004.
Três saques teriam ocorrido nos dias 16 de junho, 31 de agosto e 10 de setembro de 2004. Mariz de Oliveira destaca que "todas as operações ocorreram em período anterior ao ingresso de Ayanna como responsável pela prevenção à lavagem de dinheiro perante o Banco Central, em 13 de janeiro de 2005".
"A fragilidade da acusação foi reconhecida até mesmo pela Procuradoria que, após denunciar Ayanna pelo delito de lavagem por 65 vezes, requereu sua condenação por apenas três operações consideradas delituosas", assevera Mariz. Ele afirma que Ayanna não mantinha relacionamento com Marcos Valério. "O mesmo pode ser dito em relação ao suposto organizador do chamado núcleo político, José Dirceu." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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