Dívida trabalhista
Justiça bloqueia bens da Petrobras e de empresa da Lava JatoFolhapress
A Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul decidiu ontem bloquear valores e sequestrar bens da Petrobras e da empreiteira Iesa para garantir o pagamento de funcionários que serão demitidos de um complexo da indústria naval na região metropolitana de Porto Alegre (RS). O bloqueio envolvendo as empresas será limitado a R$ 30 milhões, valor que, para a Justiça, será suficiente para quitar as obrigações com os funcionários. Em crise financeira, a Iesa teve o contrato com a Petrobras rompido na semana passada. A Iesa é um dos alvos da nova fase da Operação Lava Jato. O complexo da indústria naval fica na cidade de Charqueadas e funciona desde 2012. A Petrobras havia contratado a empresa por um valor de US$ 720 milhões para construir módulos de plataformas de petróleo.
Sob suspeita
Líder do PT no Senado admite relações com ex-diretor da Petrobras
Agência O Globo
O líder do PT no Senado, Humberto Costa, voltou ontem a rebater as acusações feitas a ele pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, pivô da Operação Lava Jato. Mas admitiu que teve com o ex-diretor da Petrobras "contatos institucionais". O senador disse que ele e outros políticos de Pernambuco mantinham contato com o ex-diretor por causa das obras da Petrobras no estado, como a da refinaria de Abreu e Lima. "Líderes políticos e empresariais participaram fortemente desse processo e mantiveram com o senhor Paulo Roberto muitos contatos. No meu caso, contatos institucionais", disse.
O ex-diretor afirmou que o esquema de corrupção na Petrobras repassou R$ 1 milhão à campanha de Humberto Costa para o Senado em 2010. O senador classificou as acusações de "inconsistentes". Ontem, o petista informou que enviou uma carta se oferecendo para dar esclarecimentos e disponibilizando a quebra de seus sigilos bancário e telefônico ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki; ao procurador geral da República, Rodrigo Janot; e à CPI Mista que apura o escândalo.
O executivo Erton Medeiros Fonseca, da Galvão Engenharia, entregou à Justiça notas fiscais que, segundo ele, comprovam o pagamento de propinas em obras da Petrobras. Os pagamentos somam o valor de R$ 8,863 milhões e teriam sido feitos entre 2010 e 2014 para o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. A Galvão e outras duas empreiteiras também confirmaram à CPI mista da Petrobras que fizeram repasses a empresas ligadas ao doleiro Alberto Youssef e a Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal.
A ordem para pagar propinas a Duque teria partido de Shinko Nakandakari, empresário que atuava como intermediário de negócios na Diretoria de Serviços. As notas mostram pagamentos para LFSN Consultoria e Engenharia. Na planilha apresentada à Justiça, aparecem como destinatários do dinheiro Luís Fernando Sendai Nakandakari e Juliana Sendai Nakandakari. Fonseca disse que Shinko atuava junto com Pedro Barusco, ex-gerente executivo de Engenharia da Petrobras, que firmou acordo de delação premiada e vai devolver aos cofres públicos US$ 97 milhões.
Segundo o advogado de Fonseca, José Luis de Oliveira Lima, a Galvão obteve contratos "de forma lícita", mas teria sofrido extorsão. Parte do dinheiro teria ido para o Partido Progressista (PP).
Na petição, os advogados dizem que a Galvão "deixou de receber, sem motivo aparente, cartas-convite de inúmeros certames para os quais estava apta e tecnicamente capacitada" antes de pagar propina. Entre 2006 e 2014 a empresa teria enviado 20 requerimentos para solicitar sua inclusão.
Os dois endereços da LFSN nas notas (na Rua Tito, 86 e o atual, na Rua Flórida, 1.790) são de edifícios residenciais em São Paulo. A reportagem não conseguiu localizar os donos da consultoria.
CPI
A Galvão informou à CPI ter repassado R$ 5,1 milhões à MO Consultoria, empresa controlada por Youssef. Já a Camargo Corrêa comunicou 21 transferências no valor de R$ 3 milhões à Costa Global Consultoria, de Paulo Roberto Costa, entre outubro de 2012 a dezembro do ano passado.
A Engevix fez negócios com três empresas ligadas a Youssef: MO Consultoria; Empreiteira Rigidez; e GFD Empreendimentos. Como líder do consórcio Rnest, responsável por obras na refinaria Abreu e Lima, a Engevix firmou contrato de R$ 5,7 milhões com a MO Consultoria, em 2009, e de R$ 2,1 milhões com a GFD, em janeiro deste ano. Já como líder de outro consórcio, o Integradora URC, a Engevix contratou a Rigidez por R$ 4,8 milhões, em outubro de 2009.
Irmão de ex-ministro das Cidades se entrega à PF em Curitiba
Laura Leal Bordin
O último foragido da sétima fase da Operação Lava Jato, Adarico Negromonte Filho, se entregou na manhã de ontem na sede da Polícia Federal (PF) em Curitiba. Negromonte, que é irmão do ex-ministro das Cidades Mario Negromonte (PP-BA), chegou pouco depois das 11 horas à superintendência da PF, no bairro Santa Cândida, acompanhado de duas advogadas. Ele chegou a pé ao local, sorrindo, e não respondeu às perguntas dos jornalistas.
De acordo com Rosalvo Ferreira Franco, superintendente da PF em Curitiba, Negromonte se apresentou aos delegados e passou pelos trâmites legais. À tarde, ele deixaria a carceragem para fazer o exame de corpo de delito, no Instituto Médico Legal (IML). Ainda não há data marcada para que o depoimento dele seja colhido.
A advogada Joyce Roysen já fez um pedido de revogação da prisão temporária. Segundo ela, o pedido foi feito porque o suspeito tem colaborado com as investigações. "Sempre houve colaboração, e pela condição de saúde e idade avançada, esperamos a compreensão da Justiça", afirmou Joyce. Segundo ela, Negromonte tem 70 anos, é aposentando e sofre de pneumonia viral crônica.
Adarico Negromonte é suspeito de ligação com o doleiro Alberto Youssef, um dos pivôs da Lava Jato. De acordo com as investigações, ele entregava o dinheiro da propina repassada por Youssef a agentes públicos e partidos. Ele faria o transporte dos valores em espécie.
Negromonte teve a prisão temporária, válida por cinco dias, decretada no último dia 14, mas estava foragido desde então. Ele era o único dos 25 alvos da operação que tiveram prisão decretada e ainda não havia sido preso. A sétima fase da Operação Lava Jato investiga um esquema de fraude em licitações na Petrobras. Dos 25 alvos da operação que tiveram a prisão decretada, 11 foram liberados após prestar depoimentos.
Colaboraram Kelli Kadanus e Paulo Galvez da Silva, especial para a Gazeta do Povo.
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