O Ministério Público Federal (MPF) convocou os executivos da Camargo Corrêa como testemunhas de acusação no processo envolvendo o tesoureiro afastado do PT João Vaccari Neto. Na sexta-feira, a Justiça liberou os primeiros depoimentos do presidente da empreiteira, Dalton Avancini, e do vice-presidente, Eduardo Leite, que assinaram acordo de colaboração com a Justiça. Leite afirmou aos investigadores que Vaccari o procurou em 2010 e pediu R$ 10 milhões em doação oficial ao PT a título de pagamento de propina.
Transferência
A Polícia Federal solicitou, nesta segunda feira (20), a transferência do publicitário Ricardo Hoffmann para o Complexo Médico Penal, em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. Hoffmann está preso na carceragem da PF em Curitiba desde a deflagração da 11ª fase da Operação Lava Jato, no dia 10 de abril.
A justificativa da transferência, de acordo com a PF, é a intensa rotatividade de presos e a limitação de vagas na carceragem. A transferência depende da decisão do juiz federal Sérgio Moro.
O tesoureiro foi denunciado, em março, com outras 26 pessoas acusadas de participarem do esquema de corrupção da Petrobras, entre elas está o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque. Vaccari, preso na última quarta-feira, é um apontado pelo MPF de ser um dos 11 operadores de propina na área de Serviços. Ele seria o braço do partido no esquema de arrecadação ilegal.
Além dos executivos, foram convocados a prestar depoimento os operadores ligados ao doleiro Alberto Youssef: Leonardo Meirelles, Carlos Alberto Pereira da Costa, Marcos Pereira Berti e Maurício Godoy, e funcionários da Petrobras que participaram de auditorias nas refinarias Getúlio Vargas, no Paraná, e em Paulínia, em São Paulo.
A denúncia é relativa a 10ª fase da Operação Lava Jato deflagrada com o nome de “Que país é esse?”, frase atribuída a Duque, que reclamava das investigações envolvendo seu nome para o seu advogado. De acordo com a denúncia, Vaccari participava de reuniões com Duque para tratar de pagamentos de propina, que eram pagas por meio de doações oficiais ao PT.
Dessa maneira, os valores chegavam como doação lícita, mas eram oriundas de propina. O MPF aponta que foram 24 doações em 18 meses, no valor de R$ 4,2 milhões. O tesoureiro do PT indicava em que contas deveriam ser depositados os recursos de propina, segundo o MPF. “Vaccari tinha consciência de que os pagamentos eram feitos a título de propina”, afirmou o procurador do MPF Deltan Dallagnol.
Os investigadores também usaram na acusação a delação de Leite em que ele disse que Vaccari o procurou “por volta de 2010″ e pediu R$ 10 milhões. Vaccari teria dito a ele que “tinha conhecimento, por meio da Área de Serviços da Petrobrás, que a Camargo Corrêa estava atrasada no pagamento das propinas relativas a contratos” com a Petrobras. Para quitar, ele sugeriu que o fizesse de doações oficiais ao PT.
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