Soldados do Exército fizeram durante pouco mais de três horas, na tarde desta segunda-feira, uma operação na favela Vila dos Pinheiros, no Complexo da Maré. Dois tanques ficaram posicionados na Linha Vermelha, uma das principais vias de acesso à cidade. Um deles com canhão apontado para a comunidade. Dois helicópteros fizeram sobrevôos na área. Uma das faixas da Linha Vermelha, no sentido Centro, chegou a ser interditada. Traficantes da Vila dos Pinheiros soltaram fogos de artifício durante a ocupação, mas não houve confronto.
Na nova fase da operação para recuperar armas roubadas de um quartel no dia 3, o Exército troca as ocupações prolongadas da Operação Asfixia por ações pontuais, de inteligência, com base em informações e investigações, o que dá mais mobilidade às tropas. Também nesta segunda-feira homens do 3º Batalhão de Infantaria de São Gonçalo cercaram o Morro do Dendê, na Ilha do Governador. Segundo informou o tenente-coronel Heleno Moreira, eles foram até a favela para cumprir três mandados de busca e apreensão.
Mais cedo, bandidos e policiais militares tinham trocado tiros no Dendê. O morro ficou ocupado pelo Exército até a quinta-feira passada e durante a operação dos militares houve várias provocações por parte de traficantes.
Também nesta segunda a PM apreendeu uma metralhadora do Exército na favela de Manguinhos. A arma nada tem a ver com as que foram roubadas do Estabelecimento Central de Transporte (ECT), em São Cristóvão. Naquela ocasião foram levados dez fuzis e uma pistola.
Exército e Aeronáutica em ações coordenadas
O vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, negou que a retirada das tropas da maioria das favelas seja um recuo. Além da mudança de estratégia, o Exército terá ajuda da Aeronáutica para tentar recuperar armas roubadas de quartéis. Há informações de que fuzis levados do Depósito da Aeronáutica, na Avenida Brasil, estariam no Morro do Dendê.
Itagiba nega haver intervenção
Em entrevista à CBN, o secretário de Segurança Pública do Rio, Marcelo Itagiba, defendeu a ação do Exército em busca das armas roubadas e disse que não há intervenção branca no estado. E mais tarde confirmou o apoio do governo estadual à missão, que, segundo o secretário, é legítima.
- Todos têm uma co-responsabilidade no processo de repressão ao crime no país e esta entrada do Exército, com respaldo em Inquérito Policial Militar, que dá ao Exército o poder de polícia específico para esta questão das armas, é bem-vinda.
Como foi a retirada no domingo
Depois de quatro dias consecutivos de intensos confrontos no Morro da Providência, cerca de 300 soldados do Exército que ocupavam a favela deixaram o local na tarde de domingo. Moradores gritavam e aplaudiam a saída dos militares. Uma hora depois, traficantes soltaram fogos de artifício para comemorar. A ocupação dos militares estava prejudicando a venda de drogas. Já fora de seus postos, mas ainda aguardando no Santo Cristo a volta para a Vila Militar, os soldados ainda podiam ver alguns bandidos pulando e comemorando no alto das lajes.
Ainda na tarde de domingo, os militares deixaram mais algumas áreas que estavam sendo ocupadas, como a Mangueira, e reduziram o efetivo em outras. A maioria dos soldados voltou para os quartéis. Uma tropa, porém, seguiu para a Tijuca para checar a informação de que os dez fuzis e a pistola roubados teriam sido deixados por bandidos num matagal junto à filial desativada do supermercado Carrefour na Rua Conde de Bonfim, próximo ao Morro do Borel. Ao anoitecer, o efetivo deixou o local.
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