Ministro da Defesa defende comandante do Exército
O ministro da Defesa, Celso Amorim, saiu em defesa do Comandante do Exército, general Enzo Peri, que teve o seu pedido de demissão solicitado em nota endereçada à presidente Dilma Rousseff por 21 entidades de direitos humanos e 105 ex-perseguidos políticos e parentes de vítimas do regime militar. "Eu não tenho nenhuma razão para não ter confiança no general Enzo, no que ele está me dizendo e no que ele tem feito" disse o ministro, que reconheceu, no entanto, que houve demora em alguns procedimentos. Mas, segundo ministro, "não há nenhuma obstrução, nenhum desejo de obstruir". E avisou: "e se eu souber de um caso específico (de obstrução), eu vou agir".
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Em nota divulgada pelo comando do Exército nesta segunda-feira (1º), o chefe da instituição, general Enzo Peri, se defende sobre um ofício divulgado há algumas semanas que proíbe unidades militares de passar informações sobre crimes ou violências praticadas em suas dependências durante a ditadura militar (1964-85). Agora, o Exército divulga nota para "esclarecer" que, dentre as atribuições que cabem ao comandante da Força, segundo a legislação, está "a de orientar seus subordinados quanto a procedimentos administrativos a serem adotados no âmbito" da instituição.
No documento anterior, encaminhado a subordinados, Enzo Peri afirmava que qualquer informação referente à ditadura militar deveria ser respondido exclusivamente por seu gabinete.
O gesto do militar foi considerado ilegal pelo procurador Sérgio Suiama, que identificou o documento. Ele é responsável por inúmeras investigações sobre crimes do período no Rio de Janeiro. Entidades de direitos humanos e a Comissão Nacional da Verdade também criticaram o ato, considerado mais um do Exército para tentar impedir esclarecimentos de episódios do passado e eventuais investigações sobre os crimes da repressão.
Na nota divulgada nesta segunda, o Exército afirmou que "tem atendido às solicitações" da Comissão da Verdade e do Ministério Público, "dentro dos princípios legais vigentes". Ainda de acordo com o Exército, a centralização das respostas de informações sobre a ditadura visa "padronizar procedimentos, contextualizar os fatos, evitar o fornecimento de informações incompletas e atender o mais rápido possível às demandas".
Exército, Marinha e Aeronáutica ainda tratam a ditadura como um tabu. Além de evitar reconhecer os erros e os crimes praticados no passado, as Forças Armadas se negam a colaborar com investigações sobre o tema. A Comissão Nacional da Verdade e integrantes do Ministério Público Federal reclamam das dificuldades e obstáculos criados pelas Forças.
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