Se depender do perfil dos candidatos que concorrem à presidência do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) na eleição de hoje, a tendência é de que a nova administração do Judiciário estadual seja mais aberta do que a do desembargador Clayton Camargo, pouco afeito a entrevistas. A reportagem da Gazeta do Povo procurou os cinco concorrentes ao cargo e três deles deram ao menos um breve retorno à reportagem ainda que fosse para dizer que não poderiam falar neste momento. Nesta página, a Gazeta do Povo traz um breve perfil e algumas das ideias daqueles que se dispuseram a falar.
Como será o pleito
Disputa é a primeira com regra mais democrática de eleição
A eleição do novo presidente do TJ está marcada para as 13h30. O substituto do desembargador Clayton Camargo vai comandar o tribunal no biênio 2013/2014, cumprindo o restante do mandato que tinha apenas sete meses. Camargo renunciou na semana passada, alegando motivos de saúde. A eleição de hoje será apenas para o cargo de presidente, pois os demais integrantes da cúpula do TJ, eleitos para o atual mandato, seguem em seus cargos. A disputa será a primeira com a nova regra que permite que todos os 120 desembargadores possam se candidatar anteriormente, somente os 25 desembargadores do Órgão Especial podiam concorrer.
Candidatos
Fotos: Divulgação/TJ-PR
Antenor Demeterco Junior
Único concorrente à presidência do TJ que não faz parte do Órgão Especial o primeiro beneficiado pela nova regra na eleição da cúpula do órgão, portanto , o desembargador Antenor Demeterco Junior disse à reportagem que não poderia dar entrevistas por falta de tempo. Mas, em entrevista anterior, havia declarado que, caso seja eleito, seu principal projeto será "colocar o tribunal nos trilhos". "O tribunal tem sofrido críticas que atingem todos os desembargadores, e 99,9% são homens com vida de trabalho, que fazem justiça, dão satisfação à sociedade. Quero pôr o TJ numa normalidade excepcional", declarou.
Demeterco é formado em Direito pela UFPR, na turma de 1967. Começou como juiz substituto em 1970, atuando no interior. Nomeado juiz do Tribunal de Alçada em 2002, foi promovido ao cargo de desembargador do TJ em 2004.
Guilherme Luiz Gomes
Aprovado no concurso público para a magistratura em 1982, como juiz substituto em Umuarama e Foz do Iguaçu, o desembargador Guilherme Luiz Gomes foi presidente da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar) no biênio 1996-1997. Ele também atuou como juiz do Tribunal de Alçada, nomeado em 2004. No ano seguinte assumiu o cargo de desembargador no TJ. Até o fechamento desta edição, o desembargador não havia retornado o contato da reportagem, e também não tinha respondido às questões da Gazeta do Povo encaminhadas por e-mail pela assessoria de imprensa.
Sérgio Arenhart
Concorrente ao cargo de presidente do TJ nas duas últimas eleições internas, o desembargador Sérgio Arenhart é catarinense de Joaçaba e bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Começou a carreira na magistratura em 23 de setembro de 1969 como juiz substituto no interior do Paraná. Em 1995, foi nomeado juiz do Tribunal de Alçada. Em 2003, foi promovido a desembargador do TJ. Na gestão 2010-2011 do tribunal, foi o 2.º vice-presidente. Procurado pela reportagem, não deu retorno até o fechamento da edição.
Miguel Thomaz Pessoa Filho
Membro do TJ desde 2004, o desembargador Miguel Thomaz Pessoa Filho foi procurado pela reportagem e disse que falaria, mas apenas para dizer que era melhor não dar entrevistas. "Não é o momento para polemizar; precisamos ter muito cuidado com a instituição", justificou. Ele afirmou que, caso seja eleito, vai estar aberto a entrevistas.
Pessoa Filho é natural de Irati e seu pai, de mesmo nome, também foi desembargador e vice-presidente do TJ pelo biênio 1977-1978. Formado pela Faculdade de Direito de Curitiba, em 1970, começou a carreira como juiz substituto em 1974, na comarca de Ponta Grossa. Entre outros cargos, foi diretor do fórum de Delitos de Trânsito da capital de 1991 a 1993, e integrou um grupo no TJ, ainda como substituto na 1.ª Câmara Criminal, que elaborou um anteprojeto de lei que visava à implantação dos Juizados Especiais.
Robson Marques Cury
Dos cinco candidatos à presidência do TJ, o desembargador Robson Marques Cury, foi o único que concedeu uma entrevista mais longa à Gazeta do Povo. Ele tem 36 anos de magistratura e é desembargador desde 2004.
Quais são os seus três principais projetos, caso seja eleito?
O primeiro deles é conseguir dar sequência às principais obras já iniciadas. Isso é fundamental inclusive algumas delas constam do planejamento estratégico [do TJ]. A sequência desse planejamento estratégico é o segundo. O terceiro é a união geral dos membros do Judiciário. Eu tenho afinidade com a maioria deles e imagino que esse relacionamento seja outra meta.
Como melhorar a imagem do Judiciário após o imbróglio do Clayton Camargo?
Essa é uma preocupação que todos nós temos. Eu, particularmente, conheci os grandes líderes das empresas jornalísticas, e entendo que o canal de comunicação do TJ deve ser prontamente reaberto em sua plenitude. Uma das primeiras visitas que farei, caso seja eleito, será aos principais órgãos de comunicação do estado. É imperioso que haja um entendimento amplo.
O que o sr. pensa da ampliação do quadro de desembargadores?
Essa é uma questão bastante delicada que já sofreu interferência do CNJ [o conselho recomendou que o TJ não ampliasse em 25 o número de desembargadores, como pretendia]. O novo presidente terá a grande responsabilidade de mostrar ao CNJ que o TJ do Paraná necessita de ampliação de todos os quadros, não só da segunda instância como também da primeira instância. Isso é necessário desde a gestão do Miguel Kfouri Neto [antecessor de Clayton Camargo na presidência do TJ]. Uma questão de ampliação vai exigir uma pronta resposta aos processos e o Judiciário já tem uma fama de demorar em seus julgamentos. Mas, para acelerar, precisamos de estrutura.
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