Em representação encaminhada à Justiça Federal na Operação Zelotes, a Polícia Federal considerou “contraditórias e vazias” as “versões” apresentadas por um filho do ex-presidente Lula, Luis Claudio da Silva, e pelo lobista Mauro Marcondes para explicar um pagamento de R$ 2,5 milhões à empresa LFT Marketing Esportivo entre 2014 e 2015, pertencente a Luis Claudio.
Na mesma representação, a PF também pediu a prisão do lobista Francisco Mirto Florêncio da Silva, um “colaborador” de Marcondes, que teria, segundo uma anotação descoberta pela PF, realizado “investigação” clandestina sobre um dos procuradores da República que atuam no caso Zelotes, José Alfredo de Paula Silva.
A anotação é datada de abril de 2010, época em que José Alfredo investigava, em inquérito civil, as negociações para a compra, pelo governo Lula, de 36 caças para a FAB (Força Aérea Brasileira), ao custo de até US$ 10 bilhões, segundo o Ministério Público. Mirto foi preso por ordem judicial nesta terça-feira.
A LFT Marketing pertence ao filho do ex-presidente e os R$ 2,5 milhões foram pagos por Marcondes na mesma época em que o lobista recebeu dinheiro de duas empresas automotivas interessadas em obter benefícios fiscais do governo Lula.
No depoimento que prestou à PF, Luis Claudio alegou que os recebimentos se deviam a serviços prestados por ele na área de marketing esportivo.
Na representação entregue à Justiça, o delegado da PF responsável pela Zelotes, Marlon Cajado, afirmou que as declarações prestadas por Luis Claudio e Marcondes em vez de “elucidar os reais motivos dos pagamentos” na verdade serviram “para gerar mais celeuma, já que não há uma definição precisa sobre quais e quantos serviços foram de fato contratados, quais eram os reais objeto de estudos e ao que eles se destinavam”.
Segundo o delegado, não foi encontrada nenhuma documentação, nas buscas e apreensões realizadas pela PF nas sedes da LFT e da Marcondes e Mautoni, “que desse mínimo lastro ao serviço contratado”.
Na representação, o delegado solicitou ordem judicial para novas buscas na sede da Marcondes e Mautoni a fim de “aprofundar a investigação acerca da contratação da empresa LFT Marketing e outros contratos escusos”.
O pedido foi corroborado pelo Ministério Público Federal em manifestação dos procuradores Frederico Paiva e Raquel Branquinho Nascimento. “A realização de busca e apreensão apresenta-se, nesta ocasião, como uma medida urgente e extremamente necessária para se materializar os vínculos espúrios evidenciados no material já arrecadado”, escreveram os procuradores.
De acordo com os procuradores, na primeira busca e apreensão realizada nos endereços de Marcondes “o foco da investigação era outro”, ou seja, eventuais fraudes cometidas no Carf, conselho vinculado ao Ministério da Fazenda que julga recursos de empresas multadas pela Receita Federal.
O juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira, determinou a prisão de Mirto e a expedição de mandado de busca e apreensão para novas investigações da PF na sede da Marcondes e Mautoni.
De acordo com o juiz, a nova busca e apreensão na sede da Marcondes e Mautoni “se mostra imprescindível para que sejam coletados novos elementos sobre os ilícitos investigados, especialmente sobre a espionagem clandestina mencionada”.
Segundo o juiz, há indícios de que Francisco Mirto recebeu R$ 500 mil da Marcondes e Mautoni por serviços ainda não esclarecidos. Também não estão claros os meios pelos quais Francisco Mirto iria investigar o procurador José Alfredo.
O juiz também decretou a prisão preventiva de Mauro Marcondes, que já está preso em Brasília desde outubro, também por iniciativa da Operação Zelotes.
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