Sindicância deixou "buraco-negro"
A comissão de sindicância aberta na Assembléia apontou Luiz Molinari, morto em 2005, como o responsável pela manutenção de Verônica Durau nos quadros do Legislativo depois que Beto Richa deixou o Legislativo (em 2000). A partir de 2001, ela teria continuado como funcionária da Assembléia no gabinete do diretor-adjunto Luiz Molinari.
O que a comissão não esclareceu, porém, é como, depois da morte de Molinari, Verônica Durau continuou tendo os salários pagos, mensalmente, sem trabalhar. A comissão não soube responder quem controlava os funcionários de Molinari após sua morte. De acordo com a direção da Assembléia, desde o falecimento dele, o cargo de diretor-adjunto está vago. Segundo a direção da Assembléia, ele trabalhava para diversas diretorias e, por isso, não tinha um superior diretamente trabalhando com ele.
O ex-chefe de gabinete do prefeito Beto Richa, Ezequias Moreira Rodrigues, pediu demissão do cargo da prefeitura de Curitiba no dia 16 de agosto. Mas, apesar de estar fora da prefeitura de Curitiba há quase um mês, ele ainda não se apresentou para trabalhar na Sanepar, empresa em que é funcionário concursado desde 1983 e da qual estava cedido ao município. Ezequias também continua recebendo salário da Sanepar, pois o acordo de cessão dele à prefeitura previa que a estatal pagaria os vencimentos e o município devolveria a quantia à empresa.
A informação de que Ezequias não voltou ao trabalho na Sanepar é da própria empresa. A companhia de saneamento informou que, a pedido da prefeitura, Ezequias está cedido ao município até 31 de dezembro. E o atual contrato de cessão não foi revogado oficialmente pela administração municipal.
Enquanto não receber um documento da prefeitura pedindo para suspender a disposição funcional ao município, para a Sanepar o funcionário continua trabalhando na prefeitura e o acordo, inclusive com o pagamento integral do salário, continuará sendo cumprido. A Sanepar não informou, porém, qual é o salário de Ezequias.
A empresa esclareceu ainda que somente após o dia 15 (sábado) vai poder saber se a prefeitura continuará depositando a devolução do valor do salário de Ezequias pago pela Sanepar. É nessa data que a prefeitura faz o depósito da devolução do dinheiro. Esse tipo de artifício a devolução dos salários pagos costuma ser usado para que a pessoa cedida, quando tem um emprego estável em um órgão público, não perca, por exemplo, direitos como tempo de serviço e a contribuição para a aposentadoria como servidor público.
Denúncias
O ex-chefe de gabinete de Richa pediu demissão da prefeitura uma semana após a divulgação de denúncias de que a sogra dele, Verônica Durau, era funcionária fantasma da Assembléia Legislativa. Na denúncia, entregue ao Ministério Público, ainda consta que o salário de Verônica era depositado na conta corrente de Ezequias. A própria Verônica confirmou para a Gazeta do Povo que nunca trabalhou na Assembléia.
A comissão de sindicância aberta pela Assembléia concluiu que Ezequias Rodrigues, a sogra e um ex-diretor da Casa, Luiz Molinari, falecido em 2005, cometeram ato irregular e devem devolver o valor recebido ao Legislativo.
A denúncia levou Ezequias a pedir exoneração da prefeitura. Em sua carta de demissão ele pedia apenas seu afastamento. Na época, porém, a prefeitura informou que Ezequias tinha sido de fato exonerado da prefeitura e não afastado. Se realmente Ezequias não estiver mais nos quadros do município, ele está recebendo sem trabalhar. Procurada ontem pela reportagem, a prefeitura preferiu não se manifestar sobre o assunto. A Gazeta do Povo também procurou Ezequias, mas ele não foi encontrado.