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Identificadas 100 vítimas do acidente da TAM

Mais três corpos de vítimas do acidente com o Airbus da TAM foram identificados neste sábado. Ao todo, já são 100 pessoas identificadas. Os corpos identificados são de Diogo Casagrande Salcedo, Vinicius Costa Coelho e Arthur Souto Maior de Queiroz.

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Um erro na operação dos manetes (alavancas que regulam a aceleração das turbinas) do Airbus 320 da TAM está sendo apontado como uma das principais causas da tragédia de Congonhas. Segundo reportagem da última edição da revista "Veja", cujo teor está reproduzido no blog do Noblat, as informações já obtidas por meio da análise das caixas-pretas indicam que o avião, ao pousar, não conseguiu desacelerar o suficiente na pista molhada "por causa de um erro do comandante do vôo".

Ainda segundo a reportagem, uma das duas alavancas que regulam o funcionamento das turbinas estava fora da posição adequada. "O erro fez com que as turbinas do Airbus funcionassem em sentidos opostos: enquanto a esquerda ajudava o avião a frear, como era desejado, a direita o fazia acelerar". A suspeita já tinha sido levantada em reportagens do Jornal Nacional, da TV Globo, durante a última semana.

A suspeita sobre problemas na operação dos manetes foram levantados durante a última semana pelo Jornal Nacional, da TV Globo, e foram reforçadas por um alerta emitido pela Airbus - logo após a abertura das caixas-pretas, em Washington - a todas a companhias que voam com seus aviões, sobre a maneira correta de usar o equipamento se um dos reversores da turbina estiver desligado. Na quinta-feira, a Aeronáutica admitiu que as suspeitas envolvendo os manetes estavam sob investigação .

A reportagem de "Veja" lembra que os motivos que teriam levado ao erro têm relação com o fato de a aeronave estar voando naquele dia com o reverso direito travado, problema admitido pela TAM. Reverso é um mecanismo que, ao inverter o fluxo de ar das turbinas, ajuda a desacelerar o avião. Segundo a TAM, a Airbus e a FAB, como o sistema de frenagem de uma aeronave é composto de um conjunto de recursos, o avião poderia voar e pousar sem problemas com um dos reversos desativados, ou até com os dois. Só que, segundo a Airbus, quando isso acontece, o piloto, ao pousar, tem de operar os manetes de forma diferente da rotineira. "E isso é o que pode ter confundido o comandante do vôo", pondera a reportagem de "Veja"'.

A revista lembra ainda que o mesmo erro foi cometido pelos pilotos de pelo menos outras duas aeronaves do mesmo modelo, o A320 da Airbus, que levaram a acidentes. Tanto no desastre ocorrido em março de 1998, nas Filipinas, quanto no acidente que houve em 2004, no aeroporto de Taipei, em Taiwan, concluiu-se que houve falhas na operação dos manetes. Nos dois casos, os aviões estavam com uma das turbinas travadas, exatamente como no acidente da TAM.

Reverso travado pode ter influenciado Na quinta-feira, o brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe das investigações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) do Ministério da Defesa, disse que a aterrissagem com o reverso travado pode ter "influenciado psicologicamente" os pilotos. Disse ainda ser improvável que a ausência de ranhuras para escoamento de água em Congonhas, o grooving, tenha tido alguma relação com o acidente.

Mas, afirmou, inicialmente sete linhas de investigação vão orientar os próximos passos do inquérito da Aeronáutica: a pista de Congonhas, os fatores meteorológicos, a manutenção da aeronave, o controle de tráfego aéreo , as condições de trabalho da tripulação, o preparo profissional e a situação psicológica dos pilotos.

Apesar das fortes suspeitas em relação à operação nos manetes, Kersul Filho disse que é preciso combinar a coleta feita na abertura das caixas-pretas com o comando de voz dado pelos pilotos para tirar as primeiras conclusões. O brigadeiro enfatizou que um motivo isolado não é capaz de provocar um acidente de tais proporções. E afirmou ser cedo para conclusões e calcula que a investigação deve durar dez meses.

- São vários os fatores que influenciaram. Um fato sozinho não vai levar ao acidente - acrescentou.

Ele disse que a investigação será concentrada nos 60 principais parâmetros do vôo, entre os 580 existentes. O relatório das caixas-pretas será encaminhado à CPI do Apagão Aéreo da Câmara e à Polícia Federal terça-feira. Questionado se não tinha receio de vazamento de informações, o brigadeiro respondeu:

- Todos têm sua responsabilidade. Quem tiver acesso vai tratar com responsabilidade. Tanto os legisladores como a Polícia Federal, mas...

O presidente da CPI, deputado Marcelo Aragão (PMDB-PI), já adiantou que não pode garantir que todos os deputados manterão sigilo .Piloto do Airbus foi avisado que pista estava escorregadia

De acordo com reportagem do "Jornal Hoje", da TV Globo, diálogos do Airbus da TAM com operadores de vôo mostram que o piloto foi avisado pela Torre de Controle do Aeroporto de Congonhas que a pista estava escorregadia. Segundo a reportagem, às 18h48m o comandante da TAM acionou a Torre de Controle para avisar que iria pousar. O pouso foi autorizado na pista 35 esquerda, a principal de Congonhas, que reabriu nesta sexta-feira , e o controlador avisou que a pista estava molhada e escorregadia. O comandante confirmou que recebeu a informação.

Conforme mostrou o "Jornal Hoje", na gravação ficaram registradas, como últimas palavras, "Vira, vira, vira". Não se sabe ainda quem teria dito isso. O Airbus de prefixo MBK não fez mais nenhum contato com a torre de controle.

A pista principal de Congonhas ficou fechada no dia do acidente por 23 minutos e foi reaberta uma hora e 20 minutos antes da aterrissagem do Airbus da TAM, com 187 pessoas a bordo. No período de 80 minutos, 40 pousos e decolagens foram realizados na pista principal - um a cada dois minutos. A informação até agora é que nenhum piloto relatou problemas.

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