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O acidente com um ônibus articulado, que deixou um morto e 48 feridos nesta terça-feira, pode ter sido provocado por um problema mecânico. Pouco antes das 8h, o ônibus, que tem três partes, tombou na curva da alça de acesso da Avenida Vicente Rao para a Vereador José Diniz, na zona sul de São Paulo.

O passageiro que morreu é uma mulher de 27 anos, que sofreu traumatismo craniano . Outra mulher, de 41 anos, sofreu esmagamento do tórax e foi internada em estado grave.

O motorista do veículo - que estava superlotado e levava 250 pessoas do Terminal Capelinha para o Largo São Francisco, no centro - afirmou que o ônibus travou. O problema seria no sistema hidráulico de freio. A capacidade do ônibus é para 152 passageiros sentados.

Duas partes do veículo caíram de uma altura de 5 metros na Rua da Prata, que fica abaixo da alça de acesso da Vereador José Diniz. A parte da frente do veículo derrubou o muro e invadiu a garagem de uma casa, estilhaçando os vidros. Os moradores não se feriram.

- Foi horrível, pensei que era uma bomba dentro de casa. Ouvi os gritos e não sabia o que fazer, fiquei em choque - afirmou a dona da residência atingida pelo ônibus.

- Acordei com o barulho. Era muita gente, o ônibus estava lotado. As pessoas tentavam correr, mesmo feridas, porque achavam que o ônibus iria explodir. Havia muita fumaça branca. Uma parte do ônibus ficou em cima do viaduto, uma parte ficou no meio e a outra caiu na casa - disse Silvia Maria Rosa, vizinha da casa atingida.

15 minutos

Segundo Silvia, o socorro demorou cerca de 15 minutos para chegar e muitas pessoas estavam presas em cima do ônibus .

- As pessoas ficaram desesperadas. Infelizmente demoraram um pouco para chegar - contou.

O motorista disse que perdeu o controle porque o sistema entrou em pane e travou na curva. Passageiros disseram que o veículo estava em alta velocidade. Na avaliação do delegado João Costa, que investigará o acidente, é possível mesmo que o problema tenha sido mesmo no ônibus . O laudo da perícia deverá ser concluído em 30 dias.

O presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Roberto Scaringella afirmou que vai analisar o acidente para entender a causa, não para determinar a culpa.

- Cada acidente deste mostra muita coisa. É importante saber das condições mecânicas, elétricas, eletrônicas do veículo - afirmou Scaringella.

Trânsito

O acidente só não tumultuou o trânsito em toda a zona sul da capital porque o ônibus caiu na Rua da Prata e foi necessário um desvio pequeno para o acesso à Vereador José Diniz.

Os moradores da rua temem a passagem de ônibus pela alça de acesso, que não tem mureta de proteção. A moradora da casa chegou a dizer que sonhou esta noite que um ônibus estava invadindo a residência dela, o que acabou ocorrendo.

Para Scaringella, o ônibus biarticulado pode passar no local, mas em velocidade normal. Ele disse que a CET está analisando a 'geometria viária' para avaliar possíveis mudanças no tráfego do local.

Ele afirmou que os passageiros feridos e os moradores da casa atingida poderão recorrer à Justiça para serem indenizados.

- Qualquer cidadão que se sentir prejudicado pode procurar seus direitos - afirmou Scaringella.

Apesar do contrato das empresas de ônibus serem firmados com a Prefeitura Municipal, Scaringella reclamou da falta de obrigatoriedade de inspeção veicular por conta da falta de regulamentação pelo Conselho Nacional de Trânsito. Para ele, os veículos inspecionados no licenciamento correm menos risco de apresentar defeitos.

Há alguns meses, viações da capital retiraram os veículos biarticulados das ruas, alegando que a Prefeitura não queria pagar valor maior pelo uso deles e que os biarticulados têm manutenção mais cara. Eles são conhecidos como 'Martões', pois foram colocados em circulação na gestão de Marta Suplicy, num acordo com as empresas para aumentar o número de assentos em linhas da capital que atendem a periferia. A maioria circula na zona sul.

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