Jovem, bonito, de olhos azuis, e com boa situação financeira. Talvez esses tenham sido os motivos que levaram a jovem Kelly Samara Carvalho dos Santos, de 19 anos, a se aproximar do empresário Gianpaolo Gelleni, de 31 anos. Ele foi mais uma vítima da golpista, presa nesta quarta-feira (22) em São Paulo e indiciada por estelionato, falsidade ideológica e por furto. O rapaz teve cheques, cartões de crédito e até uma obra de arte furtados.
Gelleni conheceu Kelly no início de julho. "Ela me parou na porta do prédio onde moro e disse que tinha me confundido com um amigo", disse ele. Recém-separado, o empresário acabou saindo com a jovem, que, no início, se mostrou insistente.
"Ela ia sempre na galeria de arte, tinha acesso ao meu computador", disse ele, em referência à loja da família, localizada em um bairro nobre da Zona Oeste de São Paulo.
O relacionamento durou apenas 15 dias, calcula o rapaz. Foi o tempo suficiente para que Kelly desse um prejuízo de cerca de R$ 100 mil no empresário e ainda furtasse uma gravura do pintor espanhol Miró, que ficava na galeria.
'Boa noite cinderela'
Para ganhar a confiança de Gelleni, Kelly aplicou nele o golpe "Boa Noite Cinderela". Durante jantar em um restaurante, colocou sonífero na bebida do empresário e o levou até a casa dele, mas não roubou nada. "Ela fez isso para parecer boazinha. Disse que eu tinha chegado enjoado do jantar e ficou com pena, cuidando de mim", relatou o rapaz, que não se lembrou "de nada" até o dia seguinte.
Gelleni passou a ficar desconfiado, ainda mais porque Kelly falava errado. "Ela me disse que não era atora (sic), acredita?", questionou o rapaz. Mesmo assim, ele ainda viu a criminosa por alguns dias.
Como ela freqüentava a galeria de arte, Gelleni disse acreditar que, por um deslize dele, Kelly conseguiu furtar vários talões de cheque e cartões de crédito, que ficavam no local. A gravura de Miró, recuperada na terça-feira (21), também foi levada pela moça sem que dessem falta em um primeiro momento. "Só percebi (o golpe) quando começaram a me ligar por causa dos cheques. Mandei bloquear todas as contas".
A polícia acredita que a obra, avaliada em US$ 18 mil, seria vendida pela jovem por US$ 1.000.
Da atração inicial, o sentimento passou ao ódio. "Ela era arrogante, gostava de chegar nas lojas com carro blindado e motorista. Assim, ninguém desconfiava dos cheques e não pediam documentos", disse Gelleni. À polícia, a criminosa nascida em Ponta Porã (MS) disse que cometia os crimes para chamar a atenção dos pais.
Grifes e carros alugados
Roupas e acessórios de grife das lojas da Rua Oscar Freire, um dos endereços mais chiques de São Paulo, foram as principais compras feitas por Kelly. Mas ela também usava os cheques furtados para se hospedar em hotéis da capital com nomes diferentes. Esbanjou até no aluguel de carros de luxo. "Tive quatro cheques que voltaram no valor total de R$ 6 mil (apenas com a locação dos veículos)", contou Gelleni. Crimes
Kelly já havia sido presa no dia 1º de agosto e solta dia 9 por estelionato e falsidade ideológica. Segundo a polícia, ela teria cometido pelo menos três furtos e oito golpes no comércio. Como já respondia pelos dois crimes, teve de se apresentar na delegacia para prestar novos esclarecimentos. Mas policiais encontraram com ela um cheque de uma vítima, o que resultou no flagrante desta quarta-feira (22).
Logo após ser liberada da prisão, a jovem voltou a cometer golpes. Um deles contra uma idosa de 83 anos, que teve o talão de cheque furtado. De acordo com a delegada Aline Martins Gonçalves, do 15º DP (Itaim Bibi), responsável pelo caso, Kelly teria provocado a queda da idosa na rua.
Simulando gentileza, acompanhou a mulher até a casa dela. "No dia seguinte, ela voltou para uma visita, se aproximou para fazer amizade e furtou os cheques", informou Aline. Na página do Orkut de Kelly, ela se apresenta como uma "pessoa muito sincera".
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